"O batismo de João vinha do céu ou dos homens?"


Naquele tempo, 27Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Enquanto Jesus estava andando no Templo, os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os anciãos aproximaram-se dele e perguntaram: 28”Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?” 29Jesus respondeu: “Vou fazer-vos uma só pergunta. Se me responderdes, eu vos direi com que autoridade faço isso. 30O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondei-me”.31Eles discutiam entre si: “Se respondermos que vinha do céu, ele vai dizer: ‘Por que não acreditastes em João?’ 32Devemos então dizer que vinha dos homens?” Mas eles tinham medo da multidão, porque todos, de fato, tinham João na qualidade de profeta. 33Então eles responderam a Jesus: “Não sabemos”. E Jesus disse: “Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas”.
Evangelho (Marcos 11,27-33)

Homilia:


O evangelista João situa este episódio do templo – no começo da atividade apostólica de Nosso Senhor Jesus Cristo – diferentemente dos sinóticos (evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas), que o deixam para o final. Depois de purificar o templo à Sua maneira, expulsando os vendedores e cambistas, Jesus fala de si como o novo templo para uma religião e aliança novas: “Destruí este templo e em três dias eu o levantarei… Ele falava do templo do seu corpo”. E os Seus discípulos assim o entenderam depois da Ressurreição de Cristo.

Como disse o Senhor à Samaritana, “aproxima-se a hora, e já está aqui, em que os que quiserem prestar culto verdadeiro adorarão o Pai em Espírito e verdade, pois o Pai deseja que lhe prestem culto assim”. Com o seu gesto “violento” Jesus declara abolidos o templo e o culto da antiga aliança, e descobre-nos o mistério da Sua Pessoa. Ele mesmo encarna o novo templo e a nova aliança, o novo culto e a nova religião, o novo caminho de acesso ao Pai e ao centro cultual do novo povo de Deus, a Igreja, casa de oração aberta a todos os povos.

Após a Ressurreição de Cristo, os apóstolos e os primeiros cristãos continuaram a frequentar o templo todos os dias, como o lemos nos Atos dos Apóstolos. Mas não tardou a chegar a ruptura já insinuada pela apologia do culto espiritual que o diácono Estêvão fez perante o sinédrio. Com a destruição de Jerusalém e do seu templo pelo imperador Tito (ano 70) e com a inimizade declarada da sinagoga judaica, que, a essa altura, excomungou os discípulos de Jesus, consumou-se a ruptura total da jovem Igreja com o templo de Jerusalém.

Todavia os primeiros cristãos não sentiam necessidade de construir outro novo [templo], pois celebravam o culto e a Eucaristia nas casas e na catacumbas. A princípio não houve templos, basílicas ou catedrais. Aqueles cristãos estavam conscientes, e devemos estar também nós, de que a assembleia de fé é a autêntica Igreja de Deus, o Seu santuário espiritual, prolongamento de Cristo, que é o Templo da Nova Aliança. Inclusivamente cada cristão, cada batizado, entra como pedra viva na construção do templo do Espírito; mais ainda: é templo de Deus porque o Espírito do Senhor habita nele.

Que o Senhor nos dê a graça de adentrarmos constantemente neste templo, que somos nós e, com a mesma força que Jesus empregou para expulsar os cambistas, venhamos a expulsar tudo o que está em nós que vem a macular este templo santo, que somos nós, onde o Espírito é o nosso Doce Hóspede.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

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