Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 18“Ouvi a parábola do semeador: 19Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; 21mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo. 22A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto. 23A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”.
Evangelho (Mateus 13,18-23)
Primeira leitura (Jeremias 3,14-17)
Leitura do Livro do Profeta Jeremias.
14”Convertei-vos, filhos, que vos tendes afastado de mim, diz o Senhor, pois eu sou vosso Senhor; vou tomar-vos, um de uma cidade e dois de uma família, e vos reconduzirei a Sião; 15eu vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentarão com clarividência e sabedoria. 16Quando vos tiverdes multiplicado e crescerdes na terra, naqueles dias, diz o Senhor, não se falará mais da ‘arca da aliança do Senhor’; ela não virá à memória de ninguém, não se lembrarão dela, não a procurarão nem fabricarão outra. 17Naquele tempo, chamarão Jerusalém Trono do Senhor, em torno dela se reunirão, em nome do Senhor, todos os povos; eles não se deixarão mais levar pelas inclinações de um coração mau”.
Salmo (Jeremias 31)
— O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
— O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
— Ouvi, nações, a palavra do Senhor e anunciai-a nas ilhas mais distantes: “Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho!”
— Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor.
— Então a virgem dançará alegremente, também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.
Homilia:
Santo Tomás de Aquino, um dos maiores homens da Igreja, nos apresenta uma realidade fundamental, também, para entender este desfecho final da parábola do semeador. Esse santo nos ensina: “Antes de ser formada santidade em cada um de nós, é preciso que seja formada a humanidade”. Ou seja, para ser santo/santa, antes é preciso ser gente.
A grande crise que vivemos hoje em nossa sociedade não é – diretamente - uma crise de fé, mas uma crise de humanidade, de cidadania, pois os valores – que são imutáveis e universais – se “tornaram” desvalores e os desvalores se tornaram valores. Como a santidade se dará numa pessoa tomada de desvalores, como: corrupção – também nas pequenas coisas -, mentira, indisciplina, roubos, promiscuidade, traições de todos os níveis e tantos outros?
A semente – a Palavra de Deus – quando caída em terra ruim, ou seja, em humanidade deformada pelos desvalores, não pode dar nada, a não ser acontecer o que aconteceu com as sementes: roubadas pelos pássaros – maligno -, sufocadas pelas realidades deste mundo. Tudo isso por que as forças contrárias possuem força? Não! Porque a terra do nosso coração não se encontra preparada para receber as sementes. A terra é ruim? Não! Pelo contrário, pois fomos criados por Deus.
O Senhor quer nos ensinar, neste desfecho da parábola, que precisamos, urgentemente, trabalhar para a nossa formação: humana e espiritual, especialmente. Formar o homem/a mulher em nós é preparar a terra, retirando as pedras, os espinhos dos desvalores e fazendo com que a vida possua profundidade, para que a semente da Palavra não seja acolhida na superficialidade.
Quem é superficial naquilo que é mais precioso na vida nunca terá relacionamentos profundos: com Deus, com os outros e consigo. Não é difícil sermos de Deus e dos outros; desde que venhamos a nos formar nos valores e nas virtudes; para isso é preciso que venhamos a decidir pelo ser gente: homens e mulheres de caráter, dignidade, verdadeiramente humanos.
Daí podemos entender a tamanha brutalidade e desumanização de algumas pessoas em relação às outras, cujos meios de comunicação não param de nos mostrar. Sabe qual a maior desumanização? Não é o fato em si, por incrível que pareça, mas a indiferença que está enraizada em nossos corações.
Que Deus Nosso Senhor nos ajude a ser gente, para que possamos ser santos. A semente é maravilhosa; o que está faltando é terra fértil. Não existe terra ruim – a natureza já nos mostra -, o que existe é terra pobre, não trabalhada para o plantio. Invistamos naquilo que é prioridade, pois o dinheiro compra a casa, mas não compra o lar; o dinheiro compra a cama, mas não compra o sono; o dinheiro compra o livro, mas não compra a sabedoria; o dinheiro compra o remédio, mas não compra a saúde. Há coisas que só passam a existir se nascerem numa terra fértil: o nosso coração formado em Deus.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
Comentário ao Evangelho
OUVIR E COMPREENDER
A Palavra de Deus exige, além da audição, uma correta compreensão. Ouvir a Palavra, mas sem entendê-la, ou melhor, sem perceber suas implicações práticas, nem sentir-se questionado por ela, é inútil. Assim acontece com quem permite que o Maligno lhe arrebate do coração a palavra semeada. O mesmo se dá com quem sucumbe diante das tribulações e perseguições, ou se deixa sufocar pelas preocupações deste mundo e pela fascinação das riquezas. Todas estas circunstâncias são indício seguro de que a Palavra se deteve nos limites da audição, sem chegar a ser compreendida.
Quem ouve a palavra e a entende, certamente, viverá de acordo com ela. Trata-se de uma compreensão prática, explicitada no nível existencial. É no dia-a-dia, nas circunstâncias mais simples da vida, que se revelam os níveis desta compreensão. Mantendo-se imune às investidas do Maligno, o discípulo segue firme no caminho traçado pela Palavra. Nada é suficientemente forte para demovê-lo de seu projeto de vida, pois ele deixou-se seduzir pelo Reino, não por mundanismos efêmeros.
Portanto, a passagem da audição à compreensão existencial é um movimento que exige do discípulo um exercício de conversão e disponibilidade para a ação de Deus. Sem isto, a Palavra permanece estéril.
Prece
Espírito de compreensão da Palavra, ajuda-me a explicitar, no dia-a-dia, meu entendimento prático da mensagem do Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês. )
Por: Sesimar Alves / Sobral
Há 5 anos
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