“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres."

Evangelho (Lucas 4,16-30)
Segunda-Feira, 30 de Agosto de 2010


Naquele tempo, 16veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. 17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano da graça do Senhor”.
20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. 22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?”
23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. 24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.
27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Primeira leitura (1º Coríntios 2,1-5)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.


1Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. 2Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado.
3Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. 4Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, 5para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.


Salmo (Salmos 118)

— Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
— Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!

— Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei! Permaneço o dia inteiro a meditá-la.
— Vossa lei me faz mais sábio que os rivais, porque ela me acompanha eternamente.
— Fiquei mais sábio do que todos os meus mestres, porque medito sem cessar vossa Aliança.
— Sou mais prudente que os próprios anciãos, porque cumpro, ó Senhor, vossos preceitos.
— De todo mau caminho afasto os passos, para que eu siga fielmente as vossas ordens.
— De vossos julgamentos não me afasto, porque vós mesmo me ensinastes vossas leis.

Homilia:

Jesus, em dia de sábado, encontra-se na sinagoga, como todo judeu fiel, para escutar as Sagradas Escrituras. Como era de costume, alguém – neste dia, foi Jesus – levantou-se e se colocou à disposição para fazer a leitura. Todos que sabiam ler e escrever, que tinham idade e eram do sexo masculino, estavam em condições de poder ler as Sagradas Escrituras. Dão-Lhe o livro do profeta Isaías e, naquele momento, o Senhor anuncia ao povo a realização da profecia, ou seja, Ele é Aquele que Isaías havia profetizado: o Emanuel, que nasceria de uma virgem, um filho cujo nome significa “Deus está conosco” (Cf. Is 7,14).

Cristo é Aquele cujo Espírito do Senhor está sobre Ele; Ele é consagrado com a unção do Espírito para anunciar a Boa Nova aos pobres; para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.

Todas estas maravilhas o Senhor quer realizar em cada um de nós; foi para isso que Ele veio; foi para isso que ressuscitou: para que tivéssemos uma vida nova. Se Deus quer isso, basta querermos também para que o milagre aconteça, pois se não quisermos, nos esforçando e fazendo a nossa parte para que ele [milagre] aconteça, milagre nenhum acontecerá.

Onde está o segredo para que possamos entender e fazer a nossa parte? Está em agirmos como agiram os que estavam na sinagoga, naquele dia em que Cristo fez a leitura. Qual era a postura desses homens? Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos em Jesus. Meus queridos irmãos e irmãs, aqui está o segredo de tudo! Jamais seremos libertos, jamais saborearemos este ano da Graça, jamais passaremos a enxergar corretamente nesta vida se os nossos olhos – especialmente os olhos do coração – não estiverem fixos em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Onde se encontra o nosso olhar? Para onde estamos olhando? Os Santos Padres da Igreja já diziam que os olhos são a janela da alma. Aquilo que os olhos contemplam é o que o coração adora! Contudo, estamos com o nosso olhar estragado, corrompido! Estamos olhando somente para a cruz, para os sofrimentos, para os problemas; por isso estamos adorando tudo isso – inconscientemente. Quem se encontra com o olhar em Jesus, não olha para a cruz, mas através da cruz; não olha para os problemas, mas através dos problemas – por isso encontra soluções; não olha para os sofrimentos, mas através dos sofrimentos – por isso descobre na dor uma via de aprendizado e de santificação.

Aquilo que Jesus quer fazer em nós – que Ele proclama no Evangelho e que Isaías profetiza – só será realizado na pessoa que possui olhar de garimpeiro, ou seja, posso estar no buraco, na sujeira, na lama, mas meu olhar está voltado para Jesus, para o ouro, para o precioso, para aquilo que vale a pena.

Quem não olha para o Senhor fixamente, a exemplo dos homens na sinagoga, passa a ter um olhar de urubu e, por isso, nunca experimentará os milagres de Deus em Sua vida. O urubu é este animal que, estando muito alto em seu voo, diante de seus olhos encontra-se uma paisagem impressionante, belíssima, mas ele não consegue perceber, pois sua atenção, seu olhar está focado para o que está morto, para a carniça, para aquilo que está podre.

Mudemos a nossa forma de pensar e de olhar a vida se quisermos saborear milagres verdadeiramente. O milagre é uma via de mão dupla, ou seja, Deus já faz a parte d’Ele; cabe a nós fazer a nossa. Por causa da liberdade que Deus nos deu, o que cabe a nós fazer, Ele não moverá uma palha para realizar.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova



por: Padre Bantu Mendonça K. Sayla
setembro 1st, 2008

É surpreendente que o texto comece com a leitura profética sem sequer mencionar a leitura da Lei, que era o elemento mais importante do ofício. De fato, a leitura profética era concebida como uma explicitação ou uma ilustração da Lei. Os 16b-17 contam os preparativos para a leitura profética, que Jesus tomou a iniciativa de fazer. Qualquer homem judeu podia fazê-la, assim como a homilia, contanto que fosse instruído e gozasse de boa reputação. Os 18-19 citam a passagem do livro de Isaias que Jesus leu. De fato, Lucas associa Is 61,1-2 e Is 58,6, segundo uma prática que era então corrente. Cita Is 61,1 e a primeira frase do v. 23c. Omite, sem razão aparente, a frase para curar os corações desanimados de Is 61,1, substituindo-a com a frase para pôr em liberdade os oprimidos, tirada de Is 58,63. O v. 20 menciona com precisão os gestos de Jesus e assinala a reação de curiosidade e de expectativa de parte da assembléia. No v. 21, Jesus toma a palavra para comentar a leitura. O v. 22 assinala uma primeira reação da assembléia. Ficam todos admirados com as palavras de Jesus. Elas ultrapassam tudo o que podiam esperar da boca de um conterrâneo que julgavam conhecer muito bem. Nos 23-27 Jesus responde à surpresa e à admiração dos seus ouvintes. Adiantando-se-lhes, começa por formular Ele próprio o desafio que eles deviam ter na ponta da língua: faz na tua terra o que ouvimos dizer que tens feito em Cafarnaum. Jesus responde ao desafio, primeiro, declarando que nenhum profeta é bem recebido na sua terra; depois, ilustrando a sua declaração com os exemplos de Elias e Eliseu.

Os v. 28-29 dão uma segunda reacção da assembleia totalmente diferente da primeira. Todos os ouvintes se enfurecem contra Jesus, expulsam-no da cidade e tentam assassiná-Io. O v. 30 conclui o relato com a reacção de Jesus. Imperturbável e sem uma beliscadura, Jesus segue o seu caminho.

Jesus sabia que era o Filho de Deus e se apresentou aos homens que estavam na sinagoga como sendo o cumprimento daquela promessa que estava na leitura de Isaías, a qual Ele tinha proclamado. Enquanto alguns o ouviam, maravilhados, outros desconfiavam dizendo: Não é este o filho de José? E, por isso, Jesus disse que um profeta não é bem aceito na sua terra.

Esta sena também pode acontecer conosco. Pense naquelas pessoas que conviveram contigo desde criança, que te viram crescer, sabem de onde tu viste, por onde passaste com quem aprendeste tudo o que sabes, e conseguem identificar até de onde tu tiraste cada idéia. Para elas tu continuarás sempre criança. Mesmo faças prodígios e milagres. Pense nos teus amigos de colégio, da universidade, do trabalho, da internet, do teu movimento, da igreja, da nova cidade onde foste morar enfim, das pessoas com quem tu te relacionaste quando já estavas com algumas idéias formadas. Essas pessoas não te conhecem, não sabem de onde vieram tuas influências, e o mais importante de tudo: acreditam que tens algo a adicionar ao que elas têm ou ao que elas são. O mais surpreendente: se tu acompanhaste o crescimento de alguém mais novo que tu, desde criança, observe como tu te consideras previsíveis as atitudes e palavras dessa pessoa. E sem saberes, acabas colocando uma barreira que dificulta que algo venha dela para ti. Foi assim que Jesus se sentiu em Nazaré. É assim que a maioria dos profissionais se sente em casa, principalmente quando a resolução de um problema, doméstico ou familiar, exige que as pessoas confiem na capacidade dele. Daí que surgiu o ditado:Em casa de ferreiro, o espeto é de pau.

Se Jesus nascesse nos dias de hoje, e fosse um desses garotos que brinca na sua rua, que tu praticamente viste nascer, e estás acompanhando o crescimento dele e daqui a uns 20 anos ele voltasse adulto, qual seria a sua reação? Esse garoto? Filho de seu Zé, o marceneiro? Que brincava com os meninos na rua? Só se for pra rir! Impossível! Nunca que ele teria essa capacidade! Eu vi onde ele estudou, as travessuras que aprontou, conheço os pais dele. E Ele iria dizer: De fato, um profeta não é bem recebido em sua terra. Então os prodígios não acontecerão aqui, mas nos lugares onde as pessoas acreditem em mim.

A lição prática do Evangelho de hoje é: não subestimemos a capacidade das pessoas que são próximas a nós. Muitas vezes elas realizam prodígios para os outros, mas não conseguem fazer nada em casa por não terem abertura. Daqui o ditado: SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES.

fonte:http://blog.cancaonova.com/homilia

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