Vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu.

Naquele tempo, 16alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” 17Jesus respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. 18O homem perguntou: “Quais mandamentos?” Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo”.20O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?” 21Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.

Evangelho (Mateus 19,16-22)
Segunda-Feira, 16 de Agosto de 2010



Primeira leitura (Ezequiel 24,15-24)


A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 16“Filho do homem, vou tirar de ti, por um mal súbito, o encanto de teus olhos. Mas não deverás lamentar-te nem chorar ou derramar lágrimas. 17Geme em silêncio, sem fazer o luto dos mortos. Põe o turbante na cabeça, calça as sandálias nos pés, sem encobrir a barba, nem comer o pão dos enlutados”.18Eu tinha falado ao povo pela manhã, e à tarde minha esposa morreu. Na manhã seguinte, fiz como me foi ordenado. 19Então o povo perguntou-me: “Não nos vais explicar o que têm a ver conosco as coisas que tu fazes?” 20Eu respondi-lhes: “A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 21Fala à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Vou profanar o meu santuário, o objeto do vosso orgulho, o encanto de vossos olhos, o alento de vossas vidas. Os filhos e as filhas, que lá deixastes, tombarão pela espada.22E fareis assim como eu fiz: Não cobrireis a barba, nem co­mereis o pão dos enlutados, 23levareis o turbante na cabeça, as sandálias nos pés, sem vos lamentar nem chorar. Definhareis por causa de vossas próprias culpas, gemendo uns para os outros. 24Ezequiel servirá para vós como sinal: Fareis exatamente o que ele fez; quando isso acontecer, sabereis que eu sou o Senhor Deus”.

Salmo (Deuteronômio 32,18-21)


— Esqueceram o Deus que os gerou!
— Esqueceram o Deus que os gerou!

— Da Rocha que te deu à luz te esqueceste, do Deus que te gerou não te lembraste. Vendo isto, o Senhor os desprezou, aborrecido com seus filhos e suas filhas.
— E disse: Esconderei deles meu rosto e verei, então, o fim que eles terão, pois, tornaram-se um povo pervertido, são filhos que não têm fidelidade.
— Com deuses falsos provocaram minha ira, com ídolos vazios me irritaram; vou provocá-los por aqueles que nem povo são, através de gente louca hei de irritá-los.

Homilia:

O episódio do jovem rico causou muito espanto no coração dos discípulos e continua a causar, até hoje, muito [espanto] no coração de cada um de nós que queremos seguir Jesus com toda a radicalidade da nossa vida. O Senhor coloca como condição fundamental desta radicalidade, para quem quer segui-Lo, o vender tudo para dar aos pobres e, depois sim, querer segui-Lo. Isso quer dizer que devemos realmente vender tudo o que temos para poder seguir o Senhor?

O evangelista, escrevendo à sua comunidade, quer trazer a cada um deles e a nós a Palavra de Jesus, não especificando o que temos de vender e com o que devemos ficar para segui-Lo verdadeiramente. O que Cristo nos quer apresentar é que, no seguimento d’Ele, nós precisamos deixar tudo aquilo que significa apego na nossa vida. O Senhor não disse que o jovem era ruim; pelo contrário. Jesus percebe que o jovem é muito bom e, por isso, devido a realidades mais profundas que Ele quer realizar na vida desse rapaz, quer que este se desprenda de tudo que o amarra, no caso, a riqueza.

Em nossa vida, o que mais nos dificulta para seguirmos Cristo não é a dificuldade da missão em si, mas o valor que damos a tudo aquilo que não possui valor algum se comparado com a Pessoa de Jesus Cristo e a Sua proposta para cada um de nós, no caso, a verdadeira vida, a vida eterna. Tudo aquilo que está em primeiro lugar em nossa vida, que não seja o Senhor, é riqueza. Qualquer coisa, por mais que, objetivamente, não tenha valor material. Tudo! Aliás, a riqueza não está fora e, sim, dentro do coração de cada um.

Quantos apegos nós trazemos em nosso interior: de pessoas, de coisas, de cargos, etc… Tudo isso, por estar no lugar de Deus em nossa vida, vai nos amarrando, nos prendendo, criando cisões em nós; dilacera, divide, fragmenta o nosso interior e as relações que vamos adquirindo. Jesus quer mostrar que tudo nesta vida vamos perder um dia. Tudo! Nada é capaz de nos salvar. Nada!

Em Betânia, Cristo disse a Marta que Maria – pelo fato de se colocar aos pés d’Ele – tinha escolhido a melhor parte, aquela que jamais lhe seria tirada. Ora, se o pronome está no singular, então é aquela, a única, que não poderá ser tirada de ninguém, ou seja, a fé. Esta não será tirada de ninguém, nunca! No restante, tudo perderemos. Para dizer que tudo – exceto Deus – não possui poder de nos salvar um dia. Então a pergunta é: para que tanto apego nesta vida, diante de tantas realidades insignificantes? Aliás, nesta vida, muito precisa fora quem por dentro muito vazio está!

No jovem do Evangelho, o medo foi bem maior que o desejo da vida eterna, da verdadeira vida. Por isso ele se afastou com muita tristeza. A história está aí para nos educar, para nos advertir: não devemos ficar tristes e ir embora, devemos distanciar-nos daquilo que nos amarra. Assim seguiremos a liberdade e a amplidão do seguimento de Jesus.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

fonte: http://blog.cancaonova.com/homilia/

Comentário ao Evangelho

REPARTE COM OS POBRES!


O jovem rico, preocupado com a salvação eterna, tropeçou numa exigência colocada por Jesus, tendo em vista alcançar a perfeição: desfazer-se de todos os seus haveres, dar aos pobres a quantia arrecadada, e tornar-se seu discípulo. Em que sentido este é um caminho de perfeição?
A mera submissão aos mandamentos era insuficiente para demonstrar uma autêntica ruptura com o egoísmo, único empecilho para se chegar à salvação. Em muitos casos, os mandamentos eram cumpridos exteriormente, não abrindo o coração humano para a solidariedade. Por isso, Jesus desafiou o jovem a dar mostras cabais de seu desejo de trilhar os caminhos da santidade.
A prova proposta pelo Mestre era suficiente para mostrar como Deus e o próximo eram o absoluto no coração daquele jovem. O absoluto de Deus seria patenteado na capacidade de mostrar-se livre diante dos bens, a ponto de desfazer-se deles. Só quem tem o coração centrado em Deus, é capaz de um gesto deste porte. O absoluto do próximo, identificado com os pobres, manifesta-se na solidariedade com quem nada possui, vive na indigência, dependente da solidariedade alheia.
O caminho para a perfeição passa pela liberdade de coração, em relação aos bens deste mundo, para buscar Deus e solidarizar-se com os mais pobres. É assim que se chega à vida eterna. Mas o jovem rico se recusou a percorrer este caminho.

Prece
Espírito de liberdade e solidariedade, que o apego aos bens deste mundo não me impeçam de trilhar o caminho da perfeição indicado por Jesus.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês.)

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