“O Filho do Homem é senhor também do sábado”.

Evangelho (Lucas 6,1-5)
Sábado, 4 de Setembro de 2010


1Num sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?” 3Jesus respondeu-lhes: “Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? 4Davi entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães”. 5E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”.

Primeira leitura (1º Coríntios 4,6b-15)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.


6bIrmãos, apliquei essa doutrina a mim e a Apolo, por causa de vós, para que o nosso exemplo vos ensine a não vos inchar de orgulho, tomando o partido de um contra outro, e a “não ir além daquilo que está escrito”. 7Com efeito, quem é que te faz melhor que os outros? Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo o que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido?
8Vós já estais saciados! Já vos enriquecestes! Sem nós, já começastes a reinar! Oxalá estivésseis mesmo reinando, para nós também reinarmos convosco! 9Na verdade, parece-me que Deus nos apresentou, a nós apóstolos, em último lugar, como pessoas condenadas à morte. Tornamo-nos um espetáculo para o mundo, para os anjos e os homens. 10Nós somos os tolos por causa de Cristo, vós, porém, os sábios nas coisas de Cristo. Nós somos os fracos; vós, os fortes. Vós sois tratados com toda a estima e atenção, e nós, com todo o desprezo.
11Até a presente hora, padecemos fome, sede e nudez; somos esbofeteados e vivemos errantes; 12fadigamo-nos, trabalhando com as nossas mãos; somos injuriados, e abençoamos; somos perseguidos, e suportamos; 13somos caluniados, e exortamos. Tornamo-nos como que o lixo do mundo, a escória do universo, até o presente.
14Escrevo-vos tudo isto, não com a intenção de vos envergonhar, mas para vos admoestar como meus filhos queridos. 15De fato, mesmo que tivésseis dez mil educadores na vida em Cristo, não tendes muitos pais. Pois fui eu que, pelo anúncio do Evangelho, vos gerei em Jesus Cristo.


Salmo (Salmos 144)

— O Senhor está perto de quem o invoca!
— O Senhor está perto de quem o invoca!

— É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.
— O Senhor cumpre os desejos dos que o temem, ele escuta os seus clamores e os salva. O Senhor guarda todo aquele que o ama, mas dispersa e extermina os que são ímpios.
— Que a minha boca cante a glória do Senhor e que bendiga todo ser seu nome santo desde agora, para sempre e pelos séculos.




fonte: http://www.webtvcn.com/video/salmo_144


Homilia:


por: Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova



A falsa ideia de Deus, a visão distorcida e doentia de Deus deixa o ser humano doente. Aqui está a razão de haver tantas pessoas doentes no mundo. Quando se tem uma imagem distorcida de Deus, a primeira coisa que faço é me distanciar d’Ele; quando me distancio, está aí decretado o meu fracasso em todas as áreas da minha vida.

A imagem distorcida dos fariseus acerca de Deus faz com que estejam doentes e queiram, em suas atitudes, adoecer outros por causa de suas normas e princípios estúpidos. Jesus repudia completamente tudo isso, mostrando que o deus deles não é o Deus verdadeiro, revelado por Ele – Cristo.

Jesus é incisivo: o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Visão distorcida de Deus: este é o grande problema que existe em nossa vida. Quantos de nós não conseguimos crescer na vida pelo fato de não conseguirmos criar comunhão com o Senhor, pois achamos que Ele é um ser distante, totalmente indiferente à nossa vida, mas muito ocupado em ver nossos erros, para, no momento oportuno, nos dar o castigo que merecemos, por termos feito coisas erradas. Agora, se fizermos algo certo, nada fizemos além de nossa obrigação. Que visão doentia de Deus… que fonte – esta visão – de cisão para a vida humana.

Compreendamos definitivamente uma coisa, meus irmãos e irmãs: Deus nos ama por aquilo que somos e não por aquilo que fazemos. Se o Altíssimo se entristece – e Ele se entristece – não é porque fizemos coisas erradas, pois o mal não O atinge; Ele se entristece pelo fato de Seus filhos estarem tristes. Deus se alegra pelo fato de Seus filhos estarem alegres.

Somos amados por aquilo que somos. E o que somos? Filhos e filhas amados de Deus! O Senhor nos pôs como administradores da criação e não como escravos dela. A lei acerca do sábado é um reflexo da distorção do coração dos fariseus; muitas vezes, o nosso coração também é fariseu, ou seja, achamos que Deus vai nos amar pelas coisas boas que viermos a fazer. Não! Deus Pai não vai nos amar ; Ele já nos ama desde de toda a eternidade!

Este amor é explicado de forma surpreendente na parábola do filho pródigo. Não é o filho quem vê o Pai, mas o Pai quem vê o filho de longe; corre ao seu encontro e o abraça, enchendo-o de beijos. O Pai aperta o filho não perguntando o que fez e por que o fez, mas o aperta em seus braços, abraçando o filho que acaba de voltar, expressando um coração misericordioso e saudoso.

O Pai ama o filho e não quer saber o que ele fez, mas quer saber da sua atitude, atitude de volta, de retorno, de arrependimento. É isso que conta para o coração do Pai. Quando nos vemos da mesma forma como Deus nos vê, passamos a vê-Lo de forma correta; como consequência, passamos a ver os outros e a nós mesmos com dignidade e misericórdia; caso contrário, com uma visão destorcida acerca de Deus, de nós e dos outros, nos tornamos insensíveis, nos tornamos “um trator” na vida dos outros, ou seja, atropelamos os outros sem dó nem piedade.


por: Padre Bantu Mendonça

A observância da lei do sábado era a maior instituição do judaísmo, e para isso tinham sido criadas leis extremamente rígidas e pormenorizadas, que proibiam qualquer atividade que se assemelhasse a um trabalho. Por exemplo, os especialistas interpretavam o gesto de debulhar espigas de trigo como colheita e, portanto, como violação do repouso sabático (6,1-2; Êxodo 34,21). Jesus responde à acusação dos adversários recorrendo a um exemplo tirado da Escritura (1 Samuel 21,1-6): fugindo do rei Saul, Davi e seus homens entraram no santuário e comeram os pães oferecidos a Deus (os doze pães, renovados a cada sábado, e que só os sacerdotes do santuário podiam comer- veja Levítico 24,5-9). Esse precedente celebrado na própria Escritura, diz Jesus, mostra que a lei positiva está subordinada ao bem do homem, e que a necessidade de sobreviver está acima de qualquer lei.

É a segunda vez que Jesus se arroga um direito: o Filho do homem, que tem poder para perdoar pecados (5,24), também é “o senhor do sábado” (6,5). Em outras palavras, Jesus está introduzindo uma nova ordem humano-religiosa, onde as instituições, estruturas, leis e costumes devem estar sempre a serviço do homem, podendo ser abolidos e cair para segundo plano em qualquer circunstância em que uma necessidade urgente o exigir.

“Sábado” provém do hebraico “Shabath”, que significa “repouso, cessão”. Assim, o sábado bíblico nada mais é que um dia de descanso observado a cada sete dias. Ele na Bíblia se prende ao ritmo sagrado da semana, que se encerra com um dia de repouso e de culto a Deus (cf. Os 2,13; 2Rs 4,23; Is 1,13; Ex 20,8; 23,12; 34,21). O sábado deveria ser observado por diversas razões: por questões humanitárias (cf. Ex 23,12; Dt 5,12-14), por ser sinal de distinção com relação aos outros povos (cf. Ez 20,12.30; Ex 31,13-17), por ser um dia que não poderia ser profanado pelo trabalho (Ez 22,8) e por ser legislação sacerdotal, já que Deus teria descansado no 7º dia (cf. Gn 1,1-2.4a; Ex 30,8-11; 31,17). O sábado era um dia festivo (cf. Os 2,13; Is 1,13), no qual não podia haver compras, vendas ou trabalhos no campo (cf. Am 8,5; Ex 34,21). Era também proibido acender fogo (Ex 35,3), recolher lenha (Nm 15,32) e preparar alimentos (Ex 16,23). Até mesmo a guarda do palácio era reduzida (2Rs 11,5-9)… Os fiéis iam ao santuário (Is 1,12s), após uma convocação santa (Lv 23,3), ofereciam sacrifícios (Nm 28,9-10) e renovavam o pão da proposição (Lv 24,8; 1Cr 9,32) ou simplesmente aguardavam a visita de um profeta (2Rs 4,23). Após o exílio babilônico, a observância do sábado foi radicalizada: Neemias agiu com energia para garanti-lo (Ne 13,15-22), as viagens foram proibidas (Is 58,13) assim como o transporte de cargas (Jr 17,19-27). Na época macabéia, a observância era tão cega que muitos se deixaram matar sem oferecer resistência (1Mc 2,37-38; 2Mc 6,11-12; 15,1-2). Finalmente, na época de Jesus, os fariseus elaboraram verdadeira “casuística” quanto ao sábado: 39 tipos de trabalho eram proibidos (entre eles colher espigas [Mt 12,2], carregar fardos [Jo 5,10], etc). Os médicos somente podiam atender os doentes em perigo iminente de morte (motivo pelo qual se opuseram a Jesus, que curava aos sábados - cf. Mt 12,9-13; Mc 3,1-5; Lc 6,6-10; 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-16; 9,14-16)… os essênios chegaram ao absurdo de proibirem a defecação no sábado!

Já no Novo Testamento, os discípulos observaram o sábado para pregar o evangelho nas sinagogas (At 13,14; 16,13; 17,2; 18,4) logo se deram conta que a Nova Lei havia superado a Antiga. São Paulo sempre lutou contra a infiltração de idéias judaizantes, sobretudo quando escreve “que ninguém vos critique por questões de alimentos ou bebidas ou de festas, luas novas e sábados. Tudo isto não é mais do que a sombra do que devia vir. A realidade é Cristo.” (Cl 2,16-17; v.tb. 2Cor 5,17). Os cristãos, então, passaram a realizar seus cultos no dia seguinte ao sábado, isto é, no domingo, dia em que o Senhor Jesus ressuscitou (aliás “domingo” vem de “domini dies”, isto é, “Dia do Senhor”). Diversas são as provas bíblicas da observância do domingo: Jo 20,22-23.26; At 2,2; At 20,7-16; 1Cor 16,1-2; Ap 1,10. Repare-se bem que esse era o dia em que os cristãos se reuniam! Dessa forma, a perspectiva cristã sempre enxergou o antigo sábado dos judeus como uma figura, da mesma forma que outras instituições do AT.

“Pelo repouso do sábado os israelitas comemoravam o repouso (figurado) de Deus após haver criado o mundo e o homem. Ora, com a ressurreição de Cristo, a primeira criação tornou-se prenúncio e figura da segunda criação ou da nova criação do gênero humano que se deu quando Cristo venceu a morte e apareceu como novo Adão. Era justo, portanto, ou mesmo necessário, que os cristãos passassem a observar, como Dia do Senhor ou como sétimo dia e dia de repouso (sábado), o dia da ressurreição de Cristo” (d. Estevão Bettencourt, “Diálogo Ecumênico, p.250). A própria carta aos Hebreus acentua a índole figurativa do sábado, afirmando que o repouso do sétimo dia era apenas uma imagem do verdadeiro repouso que fluiremos na presença de Deus (cf. Hb 4,3-11). E você cristão católico, ainda tem dúvida do porque deves observar os domingos e festas de guarda?

Finalmente Cristo se auto-declarou como “Senhor do Sábado” (tendo, portanto, poder sobre ele); Jesus ressuscitou num domingo; o Espírito Santo veio sobre a Igreja num domingo; os apóstolos se reuniam aos domingos; os cristãos antes do Período Constantiniano (séc. IV) se reuniam aos domingos; os cristão pós-Constantinianos também se reuniam aos domingos; todos os cristãos atuais (católicos, ortodoxos e protestantes - com exceção dos adventistas e batistas do 7º dia) ainda observam o domingo… Como duvidar que o domingo não foi instituído divinamente? Temos todos os testemunhos que precisávamos: Bíblia, Tradição e Magistério; temos a palavra final: Domingo é o Dia do Senhor!

Faço minhas as palavras do Pe. Arthur Betti: “Vale mais um domingo, dia em que Cristo ressuscitou, do que todos os sábados sem ressurreição, sem a verdadeira libertação”! Que a vitória de Cristo sobre o sábado e a morte seja também a minha e a tua sobre o pecado e consequentemente sobre a morte para que com Cristo ressuscitemos eternamente!

Pai, torna-me sensato na prática das exigências religiosas, para eu buscar, em primeiro lugar, o que realmente é do teu agrado e está a serviço da vida, cuja fonte és Tu.

fonte: http://www.cancaonova.com

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