“Pode um cego guiar outro cego?"

Evangelho (Lucas 6,39-42)
Sexta-Feira, 10 de Setembro de 2010


Naquele tempo, 39Jesus contou uma parábola aos discípulos: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre. 41Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?
42Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”.

Primeira leitura (1º Coríntios 9,16-19.22b-27)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.


Irmãos, 16pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se eu não pregar o evangelho! 17Se eu exercesse minha função de pregador por iniciativa própria, eu teria direito a salário. Mas, como a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado. 18Em que consiste então o meu salário? Em pregar o evangelho, oferecendo-o de graça, e sem usar os direitos que o evangelho me dá.
19Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. 22bCom todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. 23Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele. 24Acaso não sabeis que os que correm no estádio correm todos juntos, mas um só ganha o prêmio? Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio. 25Todo atleta se sujeita a uma disciplina rigorosa em relação a tudo, e eles procedem assim, para receberem uma coroa corruptível. Quanto a nós, a coroa que buscamos é incorruptível!
26Por isso, eu corro, mas não à toa. Eu luto, mas não como quem dá murros no ar. 27Trato duramente o meu corpo e o subjugo, para não acontecer que, depois de ter proclamado a Boa Nova aos outros, eu mesmo seja reprovado.

Salmo (Salmos 83)

— Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!
— Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!

— Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!
— Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa, e a andorinha ali prepara o seu ninho, para nele seus filhotes colocar: vossos altares, ó Senhor Deus do universo! Vossos altares, ó meu Rei e meu Senhor!
— Felizes os que habitam vossa casa; para sempre haverão de vos louvar! Felizes os que em vós têm sua força, e se decidem a partir quais peregrinos!
— O Senhor Deus é como um sol, é um escudo, e largamente distribui a graça e a glória. O Senhor nunca recusa bem algum àqueles que caminham na justiça.


Homilia:

por: Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova



Segundo o que presenciamos no Evangelho de Lucas, ou seja, a revelação do Pai – e o Pai se revela no Filho – saboreamos um Deus, que é tomado de compaixão, misericórdia e amor por cada um de nós. Presenciamos um Deus com entranhas de misericórdia, sempre disposto a correr ao nosso encontro e nos encher de beijos e abraços, independentemente de nossas misérias e pecados, desde que estejamos dispostos a mudar de vida.

Frente a tanto amor, a tanta misericórdia, a tanta compaixão, por que não conseguimos agir com piedade, compaixão e misericórdia com aqueles que nos ofendem e nos machucam? Ninguém dá o que não tem. Ora, se recebemos amor, misericórdia, compaixão de Deus, por que não conseguimos ser isso tudo para os nossos irmãos e irmãs?

Queiramos ou não, somos obrigados a admitir: somos especialistas em tirar ciscos dos olhos dos outros, enquanto que uma floresta existe dentro dos nossos [olhos]. É duro admitir, mas esta é a verdade. Mas por que isso se o Senhor não age assim conosco? Como podemos ter estas reações? De onde vem essa predisposição para agir assim: cheios de compaixão para conosco e tão cruéis para com os outros? Será que somos maus? Será que somos impossibilitados de agir com misericórdia diante dos que erram?

Na verdade, é preciso que entendamos uma coisa muito importante: tudo que existe é bom, pois tudo foi criado por Deus e de Deus não pode vir nada que não seja bom. O ser humano não é bom, mas muito bom, como disse Deus no início da criação, logo após criar o ser humano. Para dizer: não existe ser humano ruim; existe ser humano com atitudes ruins, com índole ruim, com uma criação ruim, mas, essencialmente, bom, por ter sido criado por Deus!

Em nossos relacionamentos – sejam com quem for – sempre depararemos com pessoas que, diante de posturas, nos deixarão tristes e algumas nos deixarão sem paz interior, com verdadeira raiva. Também nossas reações diante delas podem ser completamente diferentes. Entendamos. Não existe uma vacina na face da terra que nos deixe indiferentes com relação a tudo que as pessoas fazem de errado – fruto da fraqueza – em relação a nós ou aos outros. Nós vamos sentir e muito. Nossa reação será imediata. Até aí tudo bem.

O problema nunca estará naquilo que viermos a sentir, porque não temos domínio sobre os nossos sentimentos; a questão-chave estará no que vamos fazer com tais sentimentos, sejam quais forem eles: bons, ruins; maravilhosos, péssimos, santos ou profanos. Sentir nunca foi pecado; pecado é consentir com algo que não condiz com a nossa vida de cristãos, principalmente o julgar e o condenar as pessoas, querendo arrancar o cisco do olho do outro. Cego não guia cego!

Quando observamos algo na vida de uma pessoa – algo de ruim que o outro tenha feito – será uma virtude de profunda caridade se formos ao encontro dela, com misericórdia, propondo-nos a ajudá-la; se isso que observo não me tira a paz. Agora, quando observo defeito na vida do meu irmão e isso me tira a paz e não me controlo, no sentido de não deixar de ir e meter o “dedo na ferida”, na verdade, o que quero é combater no outro o defeito que não tenho coragem de combater em mim, pois o mesmo defeito que o outro tem eu também tenho; contudo, dói menos combatê-lo no outro. Então, ao agir assim, deixo a “trave” em meu olho e vou ao encontro do “cisco” do olho do outro.

Quando algo no meu irmão me tira a paz e me impede de fazer a caridade, aí há um grande sintoma daquilo que tenho de mudar em mim, ou seja, a trave que tenho que arrancar do meu olho e que quero retirar do olho dele.

O irmão possui a capacidade de nos mostrar as nossas enfermidades sem nos dizer uma palavra; basta percebermos nele aquilo que nos tira a paz! Se o “cisco” do olho do outro me tira a paz, é ele me dizendo que tenho de arrancar a “trave” no meu olho.
fonte: http://blog.cancaonova.com/homilia/


NÃO JULGUES OS OUTROS Lc 6,39-42

por: Padre Bantu Mendonça K. Sayla

Estamos diante de mais uma parábola. Que se refere aos que espiritualmente não vêem nada. Dos que se encontram doente por causa do pecado, mas que se julgam sãos e em condições de julgar, orientar e guiar os outros que acham estar também doentes. E para isso, Jesus chama-nos atenção a que não sejamos destes. Um cego não pode guiar outro cego. Se fizer isso, os dois cairão num buraco. Para que possamos sair da condição de cegueira e sermos guias dos outros precisamos em primeiro lugar, nascer de novo, nos expor à Palavra de Deus dia-a-dia, pois é ela que nos limpa e nos abre os olhos acerca dos nossos próprios erros. Também é importante que tenhamos pessoas maduras e verdadeiramente espirituais ao nosso lado, que nos ajudem a ver o que ainda não conseguimos, devido à nossa imaturidade. Veja o que diz o Mestre: Nenhum discípulo é mais importante do que o seu mestre. Porém, quando tiver terminado o discipulado, este será igual ao seu mestre. Se for verdade que o meu e o teu Mestre é Jesus, então não temos outro caminho a tomar nem outro fim senão ser igual a Ele. Tens de passar pelo processo de Deus na tua vida, nascendo de novo, batizando-te nas águas e crescendo a cada dia através do ensino da Palavra de Deus e do discipulado. Tens de buscar um coração humilde, sempre disposto a aprender e a corrigir teus próprios erros.

Querer conduzir aos outros sem conhecer a pessoa de Cristo que é o caminho, a verdade e a vida não se chega ao lado nenhum. Será uma tragédia a traz de tragédia. As conseqüências dessa situação serão desastrosas também para o que está sendo guiado. Além de não chegar ao destino desejado, não conseguirá solucionar os problemas do dia-a-dia para os quais os princípios da Palavra de Deus apresentam resposta e direcionamento. E como se não bastasse, ambos poderão sofrer prejuízos espirituais, emocionais, físicos, materiais, familiares para não falar da própria morte.

Portanto, alinhe a tua vida aos princípios da Palavra de Deus, colocando à prova os teus próprios caminhos para ver se eles se mantêm na Verdade.

Assim como os fariseus e as autoridades religiosas da época julgavam as pessoas em geral por seus pecados, estando eles próprios carregados de orgulho e avareza, e totalmente desprovidos de amor e compaixão, hoje o caso se repete quando tu e eu, sem conhecer, nem mais nem menos nos colocamos julgando os outros e deixamos os nossos pecados de lado. E então, Jesus não querendo dizer que o povo não tinha pecados a serem confessados, mas, sim, afirmar que a religião fria e às vezes até cruel daqueles homens, para Deus, se constituía numa falta mais grave do que o argueiro nos olhos do povo, volta para mim e para ti e nos censura: Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão. Não julgues nem condenes as pessoas que se encontram em possíveis situações de erro. Guarde o teu coração da crítica ou de palavras de acusação contra o teu semelhante.

Trata primeiro do teu próprio pecado e de suas próprias debilidades, para depois, com compaixão, poder ver de fato e lidar com as dos outros. Muitas vezes por falta de misericórdia, por nossos corações sempre estarem cheios de julgamento e condenação e por outro lado por nunca sabermos lidar com os próprios erros e nunca chorar pela nossa indiferença, até nos virmos necessitados do favor e da misericórdia divina. Somos cruéis para com os outros porque nos julgamos sem pecado e acima de qualquer suspeita.

Saiba primeiro lidar sincera e honestamente com a tua fraqueza e os teus próprios pecados antes de estar na condição de ajudar a outras pessoas. Sem este atitude interior, corremos o risco de nos endurecermos em nossos erros, a ponto de não vê-los mais, além de nos tornarmos insensíveis em relação às fraquezas do próximo. Lembre-se que os fracos julgam e condenam enquanto os fortes, porém, compreendem e perdoam.
fonte: http://blog.cancaonova.com/homilia/2008

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