Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo...e desprezais a justiça e o amor de Deus.

Evangelho (Lucas 11,42-46)

42 Disse Jesus: Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas.
43 Ai de vós, fariseus, que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e das saudações nas praças públicas!
44 Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber.
45 Um dos doutores da lei lhe disse: Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas.
46 Ele respondeu: Ai também de vós, doutores da lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos.


Oração do dia
Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça, para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Primeira Leitura (Gálatas 5,18-25)
Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas.


18 Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei.
19 Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem,
20 idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos,
21 invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!
22 Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade,
23 brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei.
24 Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências.
25 Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito.

Salmo responsorial 1
Senhor, quem vos seguir terá a luz da vida!


Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
mas encontra seu prazer na lei de Deus
e a medita, dia e noite, sem cessar.

Eis que ele é semelhante a uma árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo,
e jamais as suas folhas vão murchar.
eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

Mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.
Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.


Salmo 1
Cid Moreita


Homilia:


O ‘mascarado’ subjuga o outro
por: Pe. Pacheco

Neste Evangelho, que hoje a Igreja nos apresenta, é narrada uma Palavra muito dura, mas a única capaz de nos curar verdadeiramente. Esta Palavra nos diz que todos trazemos dentro de nós realidades de hipocrisia, porque queremos sempre apresentar aos outros alguém que não somos, mas que, na verdade, gostaríamos de ser. Esta é a verdade de cada um de nós.

O que gera essa hipocrisia é o medo que trazemos de não sermos aceitos por Deus e pelos outros. E para que sejamos aceitos e quistos, colocamos máscaras e fantasias, instrumentos estes que nos dão uma imagem, que agrada a pessoa que nos vê. O problema é que essas pessoas passam a conhecer apenas nossa imagem, mas não a nós mesmos. Um dia essas máscaras cairão.

Enquanto agirmos com hipocrisia, vamos colocando panos quentes sobre nossas feridas e traumas; e nunca seremos curados se não tomarmos a decisão de nos assumirmos, amarmos a nós e nossas enfermidades.

O que significa amar nossas enfermidades? Significa entender que essa ferida é o canal usado por Deus para se encontrar conosco, pois ela se tornará o ambiente de nosso encontro com o Senhor. Então, depois de termos feito a experiência do amor Divino, teremos condições de trazer cada pessoa necessitada de cura para este lugar, pois saberemos que, ali, o Senhor vai querer se encontrar com a pessoa ferida e machucada.

Quando passamos por esta experiência, tudo fica diferente. Em vez de julgar e condenar a pessoa ferida – atitude característica do hipócrita e do fariseu –, passamos a nos compadecer dela. Só julga e condena quem é fariseu, hipócrita, aquele que mente, o mascarado; ele, podre, reclama e aponta o mau cheiro do outro. Todavia, aquele que estava doente, quando curado – pois arrancou as máscaras da hipocrisia – se compadece do irmão e passa a não olhar mais para a ferida deste, mas para a sua necessidade de amor e de cura.

A hipocrisia é fruto do amor não experimentado por Jesus. Quem faz uma profunda experiência com Cristo, com o Seu amor, nunca mais precisará mendigar amor, ou seja, não dependerá do amor dos outros – do falso amor – na ilusão de que será feliz. Carência gera escravidão e mentira, pois quem está nessa situação sempre terá de mentir: usar mascará apropriada para cada pessoa e situação. Todavia, quem é amado por Jesus, não mendiga amor; é livre. Logo, nunca precisará mentir e se travestir para poder receber um pouco de amor, reconhecimento, status… Que pobreza!

A hipocrisia é a pior doença que existe, pois ela desfigura, arranca a identidade mais profunda do ser humano; a pessoa deixa de viver e de ser o que ela é para viver a vida e a vontade dos outros; ela nunca é livre! É escrava de tudo e de todos.

Quem ama, ama o outro a partir do que ele possui de pior. Então, não tenhamos medo de nos apresentar como somos diante dos outros, a começar diante de Deus. Aliás, o grande filtro capaz de filtrar os nossos relacionamentos se realiza quando nos apresentamos por inteiro diante de quem se aproxima de nós; nesse momento, só fica ao nosso lado quem nos ama. O resto, some! Por outro lado, quando queremos nos apresentar como se fôssemos as melhores pessoas do mundo, sem defeitos e carências para agradar a todos; estas pessoas vão nos sugando, se aproveitando de nós, vão se amando em nós; mas quando viermos a precisar delas, elas se afastarão, pois descobrirão nossos defeitos e problemas que sempre procuramos esconder delas.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
fonte: http://blog.cancaonova.com/homilia/

Comentário ao Evangelho

O ESSENCIAL E O SECUNDÁRIO

É sempre grande o risco de perder tempo com coisas secundárias, enquanto o essencial é deixado de lado. Esta inversão perigosa na vida dos fariseus foi denunciada. Estes eram ciosos no pagamento do dízimo das hortaliças. Contudo, para eles, a prática da justiça e o trato misericordioso com o próximo, a exemplo de Deus, tinham pouca importância.
Preocupavam-se com ocupar os lugares de honra e ser cumprimentados, descurando a humildade e a simplicidade. Cuidavam de mostrar-se, exteriormente, como pessoas justas e santas, sem perceber que a autêntica justiça e santidade situam-se no coração.
As coisas secundárias supervalorizadas geralmente correspondem a gestos com os quais se pensa agradar a Deus, descuidando-se do próximo. É o caso do pagamento do imposto das hortaliças. As coisas essenciais dizem respeito ao próximo com os quais Deus exige que se pratique a misericórdia e a justiça.
Na espiritualidade bíblica, esta é a verdadeira forma de agradar a Deus, porque o semelhante é a mediação obrigatória do relacionamento com ele. Querer chegar a Deus, prescindindo dos semelhantes, é escolher o caminho da própria condenação.

Prece
Espírito de amor ao próximo, que o relacionamento com os meus semelhantes seja sempre carregado de misericórdia.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)

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