"Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada."

Evangelho (Lucas 10,38-42)
Terça-Feira, 5 de Outubro de 2010


Naquele tempo, 38Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. 39Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava sua palavra. 40Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” 41O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.


Primeira leitura (Gálatas 1,13-24)
Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.


Irmãos, 13certamente ouvistes falar como foi outrora a minha conduta no judaísmo, com que excessos perseguia e devastava a Igreja de Deus 14e como progredia no judaísmo mais do que muitos judeus de minha idade, mostrando-me extremamente zeloso das tradições paternas. 15Quando, porém, aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça 16se dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos, não consultei carne nem sangue 17nem subi, logo, a Jerusalém para estar com os que eram apóstolos antes de mim. Pelo contrário, parti para a Arábia e, depois, voltei ainda a Damasco. 18Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer Cefas e fiquei com ele quinze dias. 19E não estive com nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor. 20Escrevendo estas coisas, afirmo diante de Deus que não estou mentindo. 21Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. 22Ainda não era pessoalmente conhecido das Igrejas da Judeia que estão em Cristo. 23Apenas tinham ouvido dizer que “aquele que, antes, nos perseguia, está agora pregando a fé que, antes, procurava destruir”. 24E glorificavam a Deus por minha causa.


Salmo (Salmos 138)

— Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
— Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

— Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos.
— Fostes vós que me formastes as entranhas, e no seio de minha mãe vós me tecestes. Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! Que prodígio e maravilha as vossas obras!
— Até o mais íntimo, Senhor me conheceis; nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis; quando eu era modelado ocultamente, era formado nas entranhas subterrâneas.




Sonda-me
Erika Rodrigues
Pe. Marcelo Rossi



Homilia:


Maria escolheu a melhor parte
por: Pe. Pacheco

No Evangelho de hoje, somos convidados a meditar sobre uma visita que Jesus fez a seus amigos em Betânia, um vilarejo situado na encosta oriental do Monte das Oliveiras, a uma distância de 3km de Jerusalém.

Betânia era caminho de quem ia de Jerusalém para Jericó e vice-versa. Jesus, fazendo este caminho, sempre ficava na casa de seus amigos Lázaro, Marta e Maria. Ali, descansava e convivia com eles. É numa dessas visitas que acontece o fato apresentado por Lucas no Evangelho deste dia.

Jesus sempre tem o desejo de estar em comunhão com seus amigos. Mas quem são os amigos d’Ele? Cada um de nós pelo Batismo. “Já não vos chamo mais servos, mas amigos”. Ora, se somos amigos – e somos – temos de entender que a indiferença é algo totalmente oposto a amizade. Quem é amigo, quem ama, sempre “gastará”(ganhará) tempo com o outro.

Jesus quer estar com Maria e Marta, mas somente Maria possui a coragem de se assentar aos pés do Mestre para escutá-Lo. Marta está ocupadíssima, mergulhada num ativismo, realidade esta que cega a pessoa no campo espiritual. Marta acha que é amada por Jesus por aquilo que faz; Maria, ao contrário, sabe que é amada por Jesus por aquilo que é, ou seja, é amada por ser filha, amiga. E porque vive uma amizade e uma filiação profunda, escolhe a melhor parte, aquela que jamais será tirada dela.

Perderemos tudo nesta vida; só nos restará aquilo que tivermos construído com Deus: intimidade e santidade.

Jesus não condena o trabalho de Marta. Aliás, com ela aprendemos que devemos transformar o mundo e a nossa vida a partir de um trabalho sério, profundo e constante. Todavia, este trabalho sempre terá que partir de uma intimidade com o Senhor. Fui chamado para estar com Ele; e estando com Ele em amizade e intimidade, aprenderei o que devo fazer, como e quando.

Jesus tem sede da nossa amizade. Ele quer estar conosco naqueles colóquios de intimidade e amor. Por que, então, nos encontramos como Marta, tão agitados? Porque estamos querendo fazer muito, estamos querendo muito; nada nos basta, não existe limite para o ter, o poder e o prazer. Com isso, as relações com Deus e com as pessoas que amamos vão desaparecendo cada vez mais.

Temos tudo à nossa volta, mas cada vez mais vazios vamos ficando por dentro. Muito precisa fora – ter e se ocupar com coisas inúteis – aquela pessoa que muito pouco possui dentro de si. Agora, quem busca intimidade, amizade e amor com o Senhor, nunca precisará de muita coisa para ser feliz, pois quem tem Deus, quem tem a coragem de se sentar aos pés do Mestre, como Maria, tem tudo! Não lhe falta nada. Aí entendemos o salmista quando diz: “Se o Senhor não construir a nossa casa, em vão trabalharão os construtores”. Esta palavra nos diz que nada preenche o nosso coração, a não ser Deus. Nada.

A Palavra de Deus quer nos ensinar, neste dia e sempre, que devemos nos ocupar com o essencial, pois o restante virá por acréscimo. Mas o que é essencial? Intimidade, amizade, amor cultivado em Deus. Não nos preocupemos com o que fazer, pois uma intimidade profunda e séria, a exemplo de Maria, sempre nos levará para o serviço concreto.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
fonte: http://blog.cancaonova.com/homilia/


JESUS VISITA MARTA E MARIA Lc 10, 38-42
por: Pe. Bantu Mendonça K. Sayla

As duas irmãs acolhem Jesus. Querem servir bem a Jesus. Só que de modos diferentes. Uma pela escuta atenta. Maria não se preocupa. Senta-se aos pés de Jesus como os discípulos no Oriente se sentam aos pés de seu mestre. Marta repreende Maria. Jesus a defende. Para ele basta pouca coisa. Marta passa a imagem daquela mulher trabalhadora, dona de casa, que tem prazer em receber as visitas e acolhê-las, desmanchando-se em cortesias. Ela é a típica mãezona das nossas cidades interioranas. As casas dessas senhoras são impecáveis em matéria de limpeza e organização. Os enfeites na geladeira, na estante da sala, nas paredes… A comida deliciosa, feita na hora e servida até a visita dizer que não agüenta mais comer. Só quem visita uma casa que tem uma “Marta” sabe o que é ser bem acolhido.

A alegria de mulheres assim é ver que a sua ilustre visita se sente bem em sua casa. Esse é o maior prazer que ela pode sentir. Mas esta atitude não basta para Jesus. Acabamos de ouvir como no Evangelho, quando Marta pede que Jesus mande sua irmã Maria ajudá-la. É bem provável que Jesus tenha dado aquele sorriso acolhedor para Marta, e as suas palavras devem ter sido bem mais amenas do que as escritas por Lucas. Jesus deve ter dito, com um sorriso: “Ô Marta, por que te preocupas tanto? Isso que você está fazendo é importante, mas vocês podem deixar para fazer noutra hora. Maria escolheu a melhor parte! Não a recrimine. Mais tarde ela vai lhe ajudar. Por enquanto, sente-se aqui conosco”. E Marta deve ter percebido que, de fato, estava deixando passar uma oportunidade rara de receber os ensinamentos do mestre Jesus, e deve ter se sentado para ouvi-lo.

Portanto, o importante é ouvir. Jesus certamente apreciava o trabalho de Marta, mas não aprovava que ela pensasse só no trabalho. Hoje devemos juntar as duas coisas: o trabalho e a escuta da Palavra, porque a melhor parte não é aquela que multiplica as coisas; a melhor parte é aquela que torna Deus presente em nós; então, o silêncio é mais eloqüente do que todas as palavras. No meio da escuridão do mundo de hoje, a escuta se torna difícil.

Vivemos num mundo apressado hoje. Corre para aqui corre para lá! Mas nos esquecemos que correr não quer dizer crescer. Na fúria consumista, o homem perde os valores da contemplação e da prece. O Senhor pede para parar um pouco e ouvir. Escute Deus falar-lhe das coisas do céu! Não tenha pressa de sair quando está na missa. Ou na oração. Esqueça o tempo do mundo e viva o tempo da graça de Deus e com Deus.

Você escuta voluntariamente a Palavra de Deus? Na missa, o sermão não se torna enjoativo? O povo prefere estar parado na frente da televisão. O jornal e o rádio têm preferência à palavra divina proclamada na igreja.

Eu não saí muito da Santa Marta original do Evangelho… Todavia, conheço bem as “Santas Martas” que convivem em nosso meio: mães, avós, tias, vizinhas, amigas, que nos acolhem tão bem em suas casas, por mais ingratos que sejamos. Elas apenas oferecem o que têm de melhor. E, às vezes, precisam ser lembradas que ainda mais importante do que deixar a casa impecável para recebê-lo, é preciso abrir a porta do coração para receber Jesus.

Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à Palavra de Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta da Palavra do Teu Filho que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
fonte: http://blog.cancaonova.com

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