"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!"

Evangelho (Lucas 1,39-56)
Domingo, 21 de Agosto de 2011


Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia.
40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam.
51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”.
56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.


Primeira leitura (Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab)
Leitura do Livro do Apocalipse de São João:

19aAbriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a Arca da Aliança.
12,1Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.
3Então apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. 4Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse.
5E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono.
6aA mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar.
10abOuvi então uma voz forte no céu, proclamando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo”.



Segunda leitura (1º Coríntios 15,20-27a)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:

Irmãos: 20Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.
21Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos.
22Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. 23Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda. 24A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força.
25Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26O último inimigo a ser destruído é a morte. 27aCom efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”.


Salmo (Salmos 44)


— À vossa direita se encontra a rainha,/ com veste esplendente de ouro de Ofir.
— À vossa direita se encontra a rainha,/ com veste esplendente de ouro de Ofir.

— As filhas de reis vêm ao vosso encontro,/ e à vossa direita se encontra a rainha/ com veste esplendente de ouro de Ofir.
— Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto:/ “Esquecei vosso povo e a casa paterna!/ Que o rei se encante com vossa beleza!/ Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
— Entre cantos de festa e com grande alegria,/ ingressam, então, no palácio real.


Homilia:


Um toque de gozo e esperança
Postado por: homilia

E disse Maria: “Enaltece minha alma ao Senhor. E meu espírito encheu-se de gozo no Deus, meu Salvador”. O Magnificat constitui um louvor em alta voz. Louvor de agradecimento a Deus, que é Senhor e Salvador. Um grito de ação de graças por um benefício recebido. Neste hino de louvor, Maria vê antecipadamente a ação salvífica divina. A razão é: “Porque fixou seu olhar na insignificância de sua escrava. Eis pois que a partir de agora chamar-me-ão ditosa, todas as gerações”. Fixou seu olhar significa observar, prestar atenção.

A primeira razão da ação de graças é, pois, a natureza transcendental ou divina de quem provém a eleição traduzida em benevolência: Deus. A segunda, é a pequenez da qual Ele se deixou conquistar, pois escolheu um ser insignificante como é uma escrava. É por isso que todas as gerações a chamarão bendita, ou seja, privilegiada de Deus.

“Porque fez para mim grandes coisas o Poderoso já que é sagrado seu nome”. O Poderoso era um dos títulos com os quais os judeus substituíam o nome santo. É com esse nome, – o Poderoso – que Jesus responde à conjura de Caifás (Mt 26,64). Só que nesta última circunstância, usa-se o substantivo poder. Sem especificar quais eram essas coisas, Maria termina com louvor dedicado a esse nome que era sagrado: já que Seu nome é sagrado. Isto pode significar que não pode ser pronunciado e que poderíamos traduzir por seu nome é único como divino. Sem dúvida que a base das grandes coisas feitas pelo poder divino era a maternidade especial de Maria, da qual Isabel era testemunha através do Espírito de profecia.

“Pois a misericórdia d’Ele se estende, de geração em geração, para os que O temem”. Vemos aqui a misericórdia divina que é infinita, perdura de geração em geração. O amor com que se ama a um desvalido ou necessitado para ajudá-lo transpassa os limites de uma geração.

Maria oferece uma definição da atuação divina que merece a pena considerar: Deus é misericórdia para os que O respeitam. Respeito e reverência que se traduz em obediência às leis de modo escrupuloso. A misericórdia é um ato de amor correspondente a quem se inclina ao mais fraco para ajudá-lo e consolá-lo. Esta é a linha geral que Maria descobriu em Deus, através da escolha particular de sua pessoa.

“Fez força no seu braço: desbaratou os arrogantes de pensamento no íntimo de seus corações”. Para melhor entender o versículo poderíamos traduzir: Seu braço mostrou-se poderoso ao desbaratar os arrogantes de pensamento no íntimo de seus corações. O arco dos poderosos é quebrado; os debilitados são cingidos de força (1 Sm 2,4), pois aos poderosos Ele rebaixou dos tronos e exaltou os de humilde condição. Aos famintos cumulou de bens e aos ricos despediu vazios.

Neste ponto Maria segue o Salmo 107,9 e o cântico de Ana: Os que viviam na fartura se empregam por comida. Os que tinham fome não precisam trabalhar (1 Sm 2,4-5). Maria acompanha a política de Jesus nas bem-aventuranças, de modo especial a redação de Lucas: Benditos os famintos… Ai de vós os saciados agora (Lc 6).

“Deus olhou e abraçou Israel, seu filho, para se recordar da misericórdia como falou aos nossos pais, Abraão e à sua prole pelos séculos” (cf. Gn 17,7).

Maria permaneceu com ela – Isabel – por três meses e voltou a sua casa [a Nazaré]. Sem dúvida que era o tempo que faltava para que Isabel desse à luz seu filho e Maria, consequentemente, ficou com sua parente até o momento do nascimento de João. Assim, se explicam os detalhes do mesmo: de que Lucas é narrador e Maria, sem dúvida, a testemunha.

Os Evangelhos deveriam ser relatos de salvação, referidos a fatos e ditos de Jesus. Mas este relato de hoje tem como protagonista Maria. Ela é a figura central, já que o Filho ainda era um feto que carregava no seio e dependia totalmente da Mãe. Isso nos indica que Maria está unida intrinsicamente a seu filho na história da Salvação. A devoção especial que a Igreja dedica a Maria tem como base este relato de Lucas. Ela forma parte de nossa salvação como Mãe do Senhor.

Maria é mais do que a arca do Senhor que Davi humildemente recebeu maravilhado (2 Sm 6,9). Ela é a Mãe do Senhor. Recebê-la como visita é um favor que nos iguala a Isabel. E escutar o Magnificat é entrar dentro dos planos da Providência Divina para encontrarmos um alívio a nossa pequenez e insignificância. Não em nossos méritos, mas nessas circunstâncias – aparentemente desfavoráveis – encontraremos a bondade divina expressa em misericórdia.

No nosso mundo, em que a maternidade parece estar fora de moda, o encontro entre as duas futuras mães é um toque de gozo e esperança, como a renovação da vida que sempre é acompanhada de penalidades mas que, indubitavelmente, termina em feliz regeneração.

Isabel, como profeta de Deus, dá a Maria o título máximo que a representa ao povo de Deus: “Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” Mãe do Senhor, que o Concílio de Éfeso expressou em termos mais filosóficos como Theótokos, que o povo aclama como Mãe de Deus. Venerá-la e recorrer a sua intercessão é seguir as linhas mestras que Lucas nos propõe no seu Evangelho.

Isabel a proclama como modelo entre as mulheres. Não é querendo tronos que estaremos na mira da misericórdia divina, mas sentindo nossa insignificância que veremos Sua bondade refletida como favor e benevolência em nossas vidas.

por: Padre Bantu Mendonça














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