"É feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!"



Evangelho (Lucas 7,19-23)

Quarta-Feira, 14 de Dezembro de 2011
São João da Cruz



Naquele tempo, João convocou dois de seus discípulos, 19e mandou-os perguntar ao Senhor: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” 20Eles foram ter com Jesus, e disseram: “João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?’” 21Nessa mesma hora, Jesus curou de doenças, enfermidades e espíritos malignos a muitas pessoas, e fez muitos cegos recuperarem a vista. 22Então, Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a boa nova é anunciada aos pobres. 23É feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”












Primeira leitura (Isaías 45,6b-8.18.21b-25)

Quarta-Feira, 14 de Dezembro de 2011
São João da Cruz


Leitura do Livro do Profeta Isaías.

6b”Eu sou o Senhor, não há outro, 7eu formei a luz e criei as trevas, crio o bem-estar e as condições de mal-estar: sou o Senhor que faço todas essas coisas. 8Céus, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover justiça; abra-se a terra e germine a salvação; brote igualmente a justiça: eu, o Senhor, a criei”. 18Isto diz o Senhor que criou os céus, o próprio Deus que fez a terra, a conformou e consolidou; não a criou para ficar vazia, formou-a para ser habitada: “Sou eu o Senhor, e não há outro. 21bAcaso não sou eu o Senhor? E não há deus além de mim. Não há um Deus justo, e que salve, a não ser eu.22Povos de todos os confins da terra, voltai-vos para mim e sereis salvos, eu sou Deus, e não há outro. 23Juro por mim mesmo: de minha boca sai o que é justo, a palavra que não volta atrás; todo joelho há de dobrar-se para mim, por mim há de jurar toda língua,24dizendo: Somente no Senhor residem justiça e força”. Comparecerão perante ele, envergonhados, todos os que lhe resistem; 25no Senhor será justificada e glorificada toda a descendência de Israel.



Salmo (Salmos 84)

Quarta-Feira, 14 de Dezembro de 2011
São João da Cruz



— Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!
— Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!

— Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; a paz para o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. Está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.
— A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.
— O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.



Oração, meio necessário para vencer as dúvidas que assolam a alma


João Batista é um crente em Deus, que vive para Ele, sempre aberto, disponível às Suas iniciativas. Por isso, sabe reconhecê-Lo no misterioso Homem da Galileia que vem se fazer batizar por ele, no Jordão: Jesus de Nazaré.

Contudo, na escuridão da prisão de Herodes, João Batista é invadido pelo medo, pela tristeza, pela dúvida: “Ter-me-ei enganado ao ver em Jesus o Cordeiro de Deus?” Mas a sua fé é grande. Em vez de pô-la em discussão, manda embaixadores a Jesus, pedindo luz para compreender a situação. Torna-se, pois, ainda mais pobre, fazendo-se a simples interrogação: “És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?”

Jesus responde aos embaixadores apontando as obras que anda a fazer. Não apenas os milagres que dão testemunho d’Ele, mas o que eles significam. São sinais de que começou uma nova humanidade, que sabe acolher a Palavra de Deus, ver as maravilhas que Ele faz e caminhar pelos Seus caminhos: “a Boa Nova é anunciada aos pobres”.

O estilo paradoxal da ação de Deus – em Jesus – não escandalizará um pobre prisioneiro, como é João. Pelo contrário, torná-lo-á muito “feliz”. Embora tenha anunciado a vinda de Jesus, o próprio João Batista teve dificuldade de reconhecê-Lo. Com a chegada do Messias, o mundo não se acabou, como proclamava João. Ele não se apresentou como um juiz severo, como fora anunciado; antes se caracterizou por Sua mansidão e humildade de coração.

Sua pregação não visava incutir medo e levar à conversão a qualquer custo, mas tentava avivar a chama do amor no coração dos pobres e sofredores. Além do mais, João estava no cárcere, e Jesus não o havia libertado, como se esperava do Messias, libertador dos prisioneiros. Eis porque sentiu a necessidade de mandar seus discípulos para interrogarem a Jesus sobre Sua identidade.

A resposta de Cristo colocou João e Seus discípulos diante de um exercício de discernimento. Eles foram confrontados com os gestos prodigiosos de Jesus e tinham o testemunho da cura de cegos, coxos, leprosos, surdos e de mortos que haviam sido ressuscitado. Enfim, os pobres estavam sendo evangelizados. Interpretando estas ações de Jesus, a partir de textos dos antigos profetas, não era possível pôr em dúvida a condição d’Ele de Messias. Todo o agir do Senhor inspirava-se nas profecias messiânicas e Seus gestos comprovavam Sua identidade. Diante dos milagres de Jesus Nazareno, era necessário, porém, ter a coragem de reconhecer sua condição de Filho de Deus.

“Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça”. Isaías oferece-nos, hoje, uma aclamação que traduz perfeitamente o estado de alma de quem vive o Advento. Por isso é que a Igreja a repete tantas vezes na sua oração durante esse tempo litúrgico. O profeta manifesta o desejo de uma intervenção divina, porque está convencido de que a justiça e a salvação só podem vir de Deus. Ao contrário de tantos outros textos, nos quais a intervenção de Deus é comparada a uma tremenda batalha contra os maus, aqui é comparada a um calmo e benéfico orvalho, ao mistério de uma chuva fecunda.

São imagens adequadas ao mistério da Encarnação, que não se realizou de modo estridente, mas com infinita discrição, na “sombra” do Espírito Santo. À intervenção divina deve corresponder a nossa discreta disponibilidade: “Abra-se a terra!” E a terra abriu-se, quando a Virgem de Nazaré deu o seu “sim”: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

O Evangelho de hoje apresenta-nos João rendido a Cristo, dando testemunho d’Ele com a sua vida. João é também “terra aberta” ao Verbo de Deus feito Homem, um verdadeiro disponível, um verdadeiro “pobre de Deus”, a quem Jesus proclama bem-aventurado. O Batista é a imagem do crente que caminha na paciência e que está sempre disponível a reformular as suas expectativas diante do imprevisível estilo da vinda de Deus. Assim, vai aprofundando sua esperança até o supremo testemunho do sangue.

João Batista ensina-nos que, mesmo a fé mais forte e sincera, pode coexistir com a dúvida e que a maneira de vencer essa dúvida é a oração. Renunciando a pôr em causa a promessa de Deus e revendo os nossos modos limitados de ver a promessa divina e de esperar a sua realização, encontramos a paz.

Padre Bantu Mendonça



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