“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?

Naquele tempo, 18,21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo’. 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’.
29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei’. 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muitos tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’
34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. 19,1Ao terminar estes discursos, Jesus deixou a Galileia e veio para o território da Judeia além do Jordão.
Evangelho (Mateus 18,21-19,1)
Quinta-Feira, 12 de Agosto de 2010


Primeira leitura (Ezequiel 12,1-12)
Leitura da Profecia de Eze­quiel.


1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2“Filho do homem, estás morando no meio de um povo rebelde. Eles têm olhos para ver e não vêem, ouvidos para ouvir e não ouvem, pois são um povo rebelde. 3Quanto a ti, Filho do homem, prepara para ti uma bagagem de exilado, em pleno dia, à vista deles. Emigrarás do lugar onde estás, à vista deles, para outro lugar. Talvez percebam que são um povo rebelde. 4Deverás tirar a bagagem em pleno dia, à vista deles, como se fosse a bagagem de um exilado. Mas deverás sair à tarde, à vista deles, como quem vai para o exílio.
5À vista deles deverás cavar para ti um buraco no muro, pelo qual sairás; 6deverás carregar a bagagem nas costas e retirá-la no escuro. Deverás cobrir a face para não ver o país, pois eu fiz de ti um sinal para a casa de Israel”.
7Eu fiz assim como me foi ordenado. Tirei a bagagem durante o dia, como se fosse a bagagem de exilado; à tarde, abri com a mão um buraco no muro. Saí no escuro, carregando a bagagem às costas, diante deles. 8De manhã, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 9“Filho do homem, não te perguntaram os da casa de Israel, essa gente rebelde, o que estavas fazendo?
10Dize-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Este oráculo refere-se ao príncipe de Jerusalém e a toda a casa de Israel que está na cidade. 11Dize: Eu sou um sinal para vós. Assim como eu fiz, assim será feito com eles: irão cativos para o exílio. 12O príncipe que está no meio deles levará a bagagem às costas e sairá no escuro. Farão no muro um buraco para sair por ele. O príncipe cobrirá o rosto para não ver com seus olhos o país.

Salmo (Salmos 77)

— Das obras do Senhor não se esqueçam.
— Das obras do Senhor não se esqueçam.

— Mesmo assim, eles tentaram o Altíssimo, recusando-se a guardar os seus preceitos. Como seus pais, se transviaram, e o traíram como um arco enganador que volta atrás;
— Irritaram-no com seus lugares altos, provocaram-lhe o ciúme com seus ídolos. Deus ouviu e enfureceu-se contra eles, e repeliu com violência a Israel.
— Entregou a sua arca ao cativeiro, e às mãos do inimigo a sua glória; fez perecer seu povo eleito pela espada, e contra a sua herança enfureceu-se.

Homilia:

A principal condição para o bom êxito da comunidade cristã é o perdão sem limites. Pedro se acha generoso, sugerindo ele próprio o número sete como resposta à sua pergunta sobre a frequência com que se deve perdoar: “Até sete vezes?”

Entre os judeus costumava-se perdoar de duas a três vezes ao homem que tinha pecado contra alguém. Pedro, por sua vez, procura se apresentar muito misericordioso para Jesus e faz uma média dizendo que quer se propor a perdoar o dobro de vezes do costume vivido; mais ainda: atrás do número sete do apóstolo encontra-se no coração dele o seguinte desejo, dito em outras palavras a Jesus: “Mestre, quero perdoar de forma perfeita – pois o sete indica perfeição.”

Cristo surpreende o apóstolo ao responder: “Não te digo até sente vezes – o dobro; de forma perfeita – mas setenta vezes sete.” Ou seja, o que Jesus diz a Pedro? Quero que perdoe “perfeitamente vezes perfeitamente”; “infinitamente vezes infinitamente.” Este é o perdão que Jesus quer de Pedro e de cada um de nós.

Agora, na realidade prática da vida, como entender isso? Primeiramente devemos entender que perdão não é fruto de sentimentos, mas de decisão. Para dizer que o dia em que eu sentir vontade de perdoar alguém, devo ter a certeza de que não preciso mais perdoá-lo, pois já lhe perdoei. Perdão é fruto de uma decisão!

Como conseguirei me decidir pelo perdão? Quando eu entender que devo perdoar não porque a pessoa que me ofendeu e me machucou merece ou precisa de meu perdão. Não, perdoo porque eu preciso perdoar, porque eu preciso me libertar dessas amarras e correntes que me prendem quando não perdoo as pessoas.

Quantas pessoas dizem: “Padre, nunca perdoei nem vou perdoar, pois não esqueci e não vou esquecer do que me fizeram.” Ótimo, graças a Deus! Por quê? Porque esquecimento não é fruto de perdão, é fruto de uma doença chamada “Mal de Alzheimer!”

Agora, não basta simplesmente tomar a decisão; tomar a decisão é a realidade fundamental para chegarmos ao perdão completo e verdadeiro, pois se ficássemos somente na decisão, quando viessem as lembranças, logo a decisão seria submergida pela dor da ofensa sofrida; a decisão é um passo – o primeiro – fundamental, para que eu comece a me abrir aos sentimentos de Cristo, ou seja, de compaixão e de misericórdia – especialmente neste caso – tomará o seu devido lugar em meu coração e me curará, quando eu me abrir a esta compaixão e misericórdia, para que possa ser compassivo e ser misericordioso com meu irmão. Aliás, só é compassivo e misericordioso com os outros aquele que saboreou da compaixão e da misericórdia de Jesus Cristo. A decisão de perdoar me abre ao fato de mergulhar no Coração misericordioso e compassivo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tomado e abraçado por esta compaixão e misericórdia, passo a ter as devidas condições de perdoar de forma plena e total; justamente porque conseguirei proporcionar ao outro aquilo que um dia recebi. Ninguém dá aquilo que não tem. Por isso podemos entender aquele homem que não teve misericórdia do seu devedor; ele foi perdoado, devendo muitíssimo mais, mas não teve a coragem de perdoar aquele que pouco lhe devia. Por quê? Porque não tomou a decisão de perdoar; não foi abraçado pela compaixão e misericórdia; e porque não foi tomado pela compaixão e misericórdia, não teve condições de perdoar.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

fonte:
http://blog.cancaonova.com/homilia

Comentário ao Evangelho

RECONHECER-SE PERDOADO

A parábola evangélica visava desmascarar a intransigência de certos líderes da comunidade cristã primitiva, por demais severos, quando se tratava de perdoar as faltas alheias. Quiçá, o contraponto desta atitude fosse uma condescendência com os próprios pecados, para os quais fechavam os olhos.
Tais líderes são comparados com o servo desalmado que, após ter sido perdoado de uma dívida incalculável, mostra-se sem compaixão para com o companheiro que lhe devia uma quantia insignificante. A quantia exagerada que o primeiro servo devia - dez mil talentos - sublinha que, por maior que fosse o perdão concedido aos membros faltosos, sempre seria inferior ao perdão que Deus concedia à liderança da comunidade. Em última análise, o perdão concedido deveria corresponder a um gesto de reconhecimento pelo perdão recebido de Deus.
O senhor da parábola foi inclemente com o servo incapaz de ser misericordioso, uma vez que tinha sido, por primeiro, objeto de misericórdia. A lição é evidente. Quem não perdoa, não será perdoado. Quem não corresponde à misericórdia de Deus, sendo misericordioso com seu próximo, receberá o castigo divino. Quem não demonstra para com o próximo a mesma paciência que recebeu de Deus, será vítima da cólera divina. Portanto, quem se sabe infinitamente perdoado, tem a obrigação de estar sempre disposto a perdoar.

Prece
Espírito que ensina a perdoar, dispõe-me a conceder o perdão a quem me ofende, consciente de que o Pai também está sempre pronto a me perdoar.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês.)

fonte:
http://www.npdbrasil.com.br

0 comentários:

Postar um comentário

Grato por sua participação. Assim que possível responderei no Blog! A Paz.

Postagens mais visualizadas


Divulgue o Blog Semear

Gerenciando Blog

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...