Evangelho (Mateus 21,28-32)
Terça-Feira, 14 de Dezembro de 2010
Naquele tempo, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: 28“Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29O Filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. 30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai?”
Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32Porque João veio até vós num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”.
Primeira leitura (Sofonias 3,1-2.9-13)
Leitura da Profecia de Sofonias.
Assim fala o Senhor: 1“Ai de ti, rebelde e desonrada, cidade desumana. 2Ela não prestou ouvidos ao apelo, não aceitou a correção; não teve confiança no Senhor, nem se aproximou de seu Deus.
9Darei aos povos, nesse tempo, lábios purificados, para que todos invoquem o nome do Senhor e lhe prestem culto em união de esforços. 10Desde além-rios da Etiópia, os que me adoram, os dispersos do meu povo, me trarão suas oferendas.
11Naquele dia, não terás de envergonhar-te por causa de todas as tuas obras com que prevaricaste contra mim; pois eu afastarei do teu meio teus fanfarrões arrogantes, e não continuarás a fazer de meu santo monte motivo de tuas vanglórias.
12E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres”. E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel. 13Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.
Salmo (Salmos 33)
— Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
— Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
— Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem!
— Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia.
— Mas ele volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias o liberta.
— Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, e castigado não será quem nele espera.
Homilia:
SIM, SIM; NÃO, NÃO! Mt 21,28-32
por: Padre Bantu Mendonça K. Sayla
A parábola está unida à pergunta dos chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo com a pergunta: com que autoridade fazes estas coisas ou seja quem te concede essa autoridade? (Mt 21, 23). Jesus não responde diretamente, mas indica que seus inimigos não estão em condições para aceitar essa autoridade. Já que a negaram a João como profeta de Deus, seria difícil que aceitassem Jesus também como profeta. A vontade de Deus resultava secundária perante os fins particulares que se ocultavam sob aparência de religiosidade. O texto de hoje distingue o verdadeiro do falso e simboliza, nas duas condutas contraditórias, o que na realidade estava ocorrendo entre os judeus da época.
Jesus começa o seu discurso com a pergunta: Que vos parece? A pergunta é uma chamada de atenção para um exemplo que imita, em breves parágrafos, a realidade vivida nesses instantes. Vejo aqui não uma proposta mas sim um mandato a trabalhar na vinha. Os dois respondem: A do primeiro foi um não quero. Mas logo se arrependeu e foi. Legalmente ele não cumpriu seu dever; mas, na realidade, ele acatou a vontade do pai e fez o que devia ter feito. E do segundo que se esperava uma conduta completamente diferente. Pois, ele parecia ser mais obediente e a resposta aparentemente é de total conformidade mas seus atos desmentiram sua palavra.
Qual dos dois fez a vontade do pai? Evidentemente a resposta não poderia ser outra a não ser a daquele que finalmente foi trabalhar na vinha. E Jesus agora responde à pergunta de qual era a autoridade com a qual ele tinha expulsado os vendedores do templo; pois comenta a resposta dos chefes dos fariseus e dos anciãos afirmando rotundamente: Os publicanos e as prostitutas vos estão precedendo no Reino de Deus. Porque João veio a vós convidando-vos ao arrependimento, à penitência e mudança de vida, em caminho de justiça. Quando os homens seguem a Deus, diz-se que a justiça habita na cidade (Is 1, 21). A segunda palavra é o direito ou norma comum de vida. A primeira refere-se aparentemente à vontade de Deus, o eticamente correto que hoje diríamos; a segunda, ao que hoje se diz como legalmente correto. João, pois, veio como arauto da vontade de Deus. E vós não crestes nele. Até agora - podia afirmar Jesus- não sabeis dar uma resposta adequada a autoridade de João: se provinha de Deus, ou dos homens. Porém os publicanos e as prostitutas acreditaram e se converteram. Basta saber a pergunta dos publicanos que vieram ser batizados por João: Mestre, que devemos fazer? (Lc 3,12). A palavra Mestre indica que eles acreditavam na palavra de João. Nada temos sobre as prostitutas. Sabemos, sim, que muitos publicanos e pecadores escutavam com agrado as palavras de Jesus como declara Mt 9, 10 e especialmente Lucas em 15, 1: todos os publicanos e pecadores estavam se aproximando para ouvi-lo. Isso indica que estavam no mínimo interessados no Reino através de Jesus; o que não acontecia com os dirigentes judeus, escribas e fariseus, que só buscavam uma escusa para poder condená-lo (Lc 6, 7).
A parábola indica que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos da justiça humana. Segundo esta, não haveria muitas possibilidades para um arrependido se tornar um novo homem. Tudo indica que os bons têm posto e lugar preferente na sociedade em todos os tempos. São os privilegiados. Porém, segundo os planos de Deus, talvez sejam os mais afastados, os primeiros a escutar o seu convite, que logicamente oferece o desejo de uma conversão. Não vim chamar os justos; mas sim os pecadores ao arrependimento(Lc 5, 32).
Os que se consideram bons são como o fariseu que Jesus compara com o publicano na sua parábola: agradecem por serem diferentes dos demais homens numa sociedade constituída por ladrões, malfeitores e adúlteros (Lc 18, 11). Mas são estes últimos, os que recebem a luz da fé e a justiça da conversão, os que realmente se vêem a si mesmos à luz da verdade divina, que nos olha a todos como pecadores (Rm 5, 19) e busca nosso remédio de modo paternal (Lc 15, 20). Por isso aqueles serão rejeitados e estes últimos, que imploram o perdão, serão justificados (Lc 18, 14).
A verdadeira justiça é um dom de Deus dado a quem sente necessidade da mesma. Se temos dúvidas sobre a conduta divina é bom escutar as palavras de Jesus em Mateus23, 13 ss: Ai de vós escribas e fariseus hipócritas…Muitas dessas maldições talvez possam se dirigir a todos nós que estamos no lugar de destaque como correspondia às classes dirigentes na época de Jesus. Que devemos fazer? Admitir que nossa conduta deve se guiar pelos caminhos de Deus, ou caminhos da justiça.
Somos coerentes com a nossa palavra, ou pelo contrário, o nosso sim pode ser não e o nosso não poder ser sim; o contrário de Jesus que disse sim ao sim e não ao não (Mt 5, 37). Porque se uma coisa má em si não pode ser boa apesar das boas intenções, uma intenção torcida pode converter uma boa ação em pura hipocrisia(Mt 5,2) ou em corrupta iniquidade (Mt 23, 28).
Agora eu te pergunto meu irmão: com qual dos filhos te identificas? Que autoridade dás à pessoa de Jesus? Sua palavra é a Palavra de Deus, ou a tua própria palavra é a última em tuas decisões? Especialmente em questões dos sete pecados capitais? Pense nisso. Não basta dizer, sim à palavra de Deus. É sobretudo fundamental que o meu sim seja sim. E o meu não seja não.
fonte:http://blog.cancaonova.com/homilia/2008/12/16/sim-sim-nao-nao-mt-2128-32/
Por: Sesimar Alves / Sobral
Há 5 anos
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