“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!"

Evangelho (Marcos 16,15-18)
Terça-Feira, 25 de Janeiro de 2011



Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.


Primeira leitura (Atos dos Apóstolos 22,3-16 ou Atos dos Apóstolos 9,1-22)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.



Naqueles dias, Paulo disse ao povo: 3”Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas fui criado aqui nesta cidade. Como discípulo de Gamaliel, fui instruído em todo o rigor da Lei de nossos antepassados, tornando-me zeloso da causa de Deus, como acontece hoje convosco. 4Persegui até à morte os que seguiam este Caminho, prendendo homens e mulheres e jogando-os na prisão. 5Disso são minhas testemunhas o Sumo Sacerdote e todo o conselho dos anciãos. Eles deram-me cartas de recomendação para os irmãos de Damasco. Fui para lá, a fim de prender todos os que encontrasse e trazê-los para Jerusalém, a fim de serem castigados. 6Ora, aconteceu que, na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim. 7Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ 8Eu perguntei: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo’. 9Meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que me falava. 10Então perguntei: ‘Que devo fazer, Senhor?’ O Senhor me respondeu: ‘Levanta-te e vai para Damasco. Ali te explicarão tudo o que deves fazer’. 11Como eu não podia enxergar, por causa do brilho daquela luz, cheguei a Damasco guiado pela mão dos meus companheiros. 12Um certo Ananias, homem piedoso e fiel à Lei, com boa reputação junto de todos os judeus que aí moravam, 13veio encontrar-me e disse: ‘Saulo, meu irmão, recupera a vista!’ No mesmo instante, recuperei a vista e pude vê-lo. 14Ele, então, me disse: ‘O Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires a sua própria voz. 15Porque tu serás a sua testemunha diante de todos os homens, daquilo que viste e ouviste. 16E agora, o que estás esperando? Levanta-te, recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o nome dele!’”



Salmo (Salmos 116)


— Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.
— Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.
— Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o!
— Pois comprovado é o seu amor para conosco, para sempre ele é fiel!



Homilia:


JESUS ENVIA OS DISCÍPULOS Mc 16,15-18
por: Padre Bantu Mendonça K. Sayla

Celebramos hoje com toda a Igreja a conversão de São Paulo Apóstolo, o grande missionário que levou o Evangelho para todos os cantos do mundo, fundando, formando e orientando comunidades cristãs. Sabemos de sua mudança de vida: de perseguidor do Evangelho de Cristo crucificado a redentor da humanidade.

A questão central abordada no Evangelho de hoje é a do papel dos discípulos no mundo, após a partida de Jesus ao encontro do Pai. O texto consta de três cenas: Jesus ressuscitado define a missão dos discípulos; parte ao encontro do Pai; os discípulos partem ao encontro do mundo, afim de concretizar a missão que Jesus lhes confiou.

Na primeira cena (vers. 15-18), Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, acorda-os da letargia em que se tinham instalado e define a missão que, doravante, eles serão chamados a desempenhar no mundo.

A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade. A missão deles destina-se a “todo o mundo” e não deverá deter-se diante de barreiras rácicas, geográficas ou culturais. A proposta de salvação que Jesus fez e que os discípulos devem testemunhar, destina-se a toda a terra.

Depois, Jesus define o conteúdo do anúncio: o Evangelho. O que é o Evangelho? No Antigo Testamento, essa palavra está ligada à “boa notícia” da chegada da salvação para o Povo de Deus. Depois, na boca de Jesus, a palavra “Evangelho” designa o anúncio de que o “Reino de Deus” chegou à vida dos homens, trazendo-lhes a paz, a libertação, a felicidade. Para os catequistas das primeiras comunidades cristãs, o Evangelho é o anúncio de um acontecimento único, capital, fundamental: em Jesus Cristo, Deus veio ao encontro dos homens, manifestou-lhes o seu amor, inseriu-os na sua família, convidou-os a integrar a comunidade do Reino, ofereceu-lhes a vida definitiva. Tal é o único e exclusivo Evangelho que muda o curso da história e transforma o sentido e os horizontes da existência humana.

O anúncio do Evangelho obriga os homens a uma opção. Quem aderir à proposta que Jesus faz, chegará à vida plena e definitiva (quem acreditar e for batizado será salvo); mas quem recusar essa proposta, ficará à margem da salvação (quem não acreditar será condenado – vers. 16).

O anúncio do Evangelho que os discípulos são chamados a fazer vai atingir não só os homens, mas toda criatura. Muitas vezes, o homem, guiado por critérios de egoísmo, de cobiça e de lucro, explora a criação, destrói esse mundo “bom” e harmonioso que Deus criou. Mas a proposta de salvação que Deus apresenta, destina-se a transformar o coração do homem, eliminando o egoísmo e a maldade. Ao transformar o coração do homem, o Evangelho, apresentado por Jesus e anunciado pelos discípulos, vai propor uma nova relação do homem com todas as outras criaturas – uma relação não mais marcada pelo egoísmo e pela exploração, mas pelo respeito e pelo amor. Dessa forma, nascerá uma nova humanidade e uma nova natureza.

A presença da salvação de Deus no mundo tornar-se-á uma realidade através dos gestos dos discípulos de Jesus. Comprometidos com Cristo, os discípulos vencerão a injustiça e a opressão, “expulsarão os demónios em meu nome”, serão arautos da paz e do entendimento dos homens, “falarão novas línguas”, levarão a esperança e a vida nova a todos os que sofrem e que são prisioneiros da doença e do sofrimento. Quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados; e, em todos os momentos, Jesus estará com eles, ajudando-os a vencer as contrariedades e as oposições.

Na segunda cena (vers. 19), Jesus sobe ao céu e senta-se à direita de Deus. A elevação de Jesus ao céu (ascensão) é uma forma de sugerir que, após o cumprimento da sua missão no meio dos homens, Jesus foi ao encontro do Pai e reentrou-se na comunhão d’Ele.

A intronização de Jesus “à direita de Deus” mostra, por sua vez, a veracidade da proposta de Jesus. Na concepção dos povos antigos, aquele que se sentava à direita de Deus era um personagem distinto que o rei queria honrar de forma especial… Jesus, porque cumpriu com total fidelidade o projeto de Deus para os homens, é honrado pelo Pai e sentado à sua direita. A proposta que Jesus apresentou e que os discípulos acolheram e vão ser chamados a testemunhar no mundo, não é uma aventura sem sentido e sem saída, mas é o projeto de salvação que Deus quer oferecer aos homens.

Na terceira cena (vers. 20), descreve-se, resumidamente, a ação missionária dos discípulos: eles partiram a pregar, ou seja, anunciar, com palavras e gestos concretos, essa vida nova que Deus ofereceu aos homens através de Jesus por toda a parte, propondo a todos eles, sem excepção, a proposta salvadora de Deus.

O autor desta catequese assegura aos discípulos que eles não estão sozinhos ao longo desta missão. Jesus, vivo e ressuscitado, está com eles, coopera com eles e manifesta-se ao mundo nas palavras e nos gestos dos discípulos.

A festa da Ascensão de Jesus é, sobretudo, o momento em que os discípulos tomam consciência da sua missão e do seu papel no mundo. A Igreja (a comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus, animada pelo Espírito) é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens.

É um tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo, os valores do “Reino” (esses valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende e que o mundo considera serem as prioridades da vida). Com frequência, os discípulos de Jesus são objeto da irrisão e do escárnio dos homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom da vida. Com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, vítimas do obscurantismo, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão, no serviço, na entrega da vida.
O confronto com o mundo gera, muitas vezes, desilusão, sofrimento e frustração nos discípulos. Nos momentos de decepção e de desilusão, convém recordar-se das Palavras de Jesus: “eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
fonte:
http://blog.cancaonova.com/homilia/2008/01/25/

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