“Estás vendo alguma coisa?”


Evangelho (Marcos 8,22-26)
Quarta-Feira, 16 de Fevereiro de 2011


Naquele tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?”
24O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25Então Jesus voltou a por as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”



Primeira leitura (Gênesis 8,6-13.20-22)
Leitura do Livro do Gênesis.


6Passados quarenta dias, Noé abriu a janela, que tinha feito na arca, e soltou um corvo, 7que ficou revoando, até que secassem as águas sobre a terra. 8Soltou, também, uma pomba para ver se as águas tinham baixado sobre a face da terra. 9Mas a pomba, não achando onde pousar, voltou para junto dele na arca; porque as águas ainda cobriam a superfície de toda a terra. Noé estendeu a mão para fora, apanhou a pomba e recolheu-a na arca. 10Esperou, então, mais sete dias e soltou de novo a pomba. 11Pela tardinha, ela voltou, e eis que trazia no bico um ramo de oliveira com as folhas verdes. Assim, Noé compreendeu que as águas tinham cessado de cobrir a terra. 12Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba, que não voltou mais.
13Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro dia do primeiro mês, que as águas se retiraram da terra. Noé abriu o teto da arca, olhou e viu que toda a superfície da terra estava seca. 20Então Noé construiu um altar ao Senhor e, tomando animais e aves de todas as espécies puras, ofereceu holocaustos sobre o altar. 21O Senhor aspirou o agradável odor e disse consigo mesmo: “Nunca mais tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, pois as inclinações do seu coração são más desde a juventude. Não tornarei, também, a ferir todos os seres vivos, como fiz. 22Enquanto a terra durar, plantio e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite, jamais hão de acabar”.



Primeira leitura (Gênesis 8,6-13.20-22)
Leitura do Livro do Gênesis.


6Passados quarenta dias, Noé abriu a janela, que tinha feito na arca, e soltou um corvo, 7que ficou revoando, até que secassem as águas sobre a terra. 8Soltou, também, uma pomba para ver se as águas tinham baixado sobre a face da terra. 9Mas a pomba, não achando onde pousar, voltou para junto dele na arca; porque as águas ainda cobriam a superfície de toda a terra. Noé estendeu a mão para fora, apanhou a pomba e recolheu-a na arca. 10Esperou, então, mais sete dias e soltou de novo a pomba. 11Pela tardinha, ela voltou, e eis que trazia no bico um ramo de oliveira com as folhas verdes. Assim, Noé compreendeu que as águas tinham cessado de cobrir a terra. 12Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba, que não voltou mais.
13Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro dia do primeiro mês, que as águas se retiraram da terra. Noé abriu o teto da arca, olhou e viu que toda a superfície da terra estava seca. 20Então Noé construiu um altar ao Senhor e, tomando animais e aves de todas as espécies puras, ofereceu holocaustos sobre o altar. 21O Senhor aspirou o agradável odor e disse consigo mesmo: “Nunca mais tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, pois as inclinações do seu coração são más desde a juventude. Não tornarei, também, a ferir todos os seres vivos, como fiz. 22Enquanto a terra durar, plantio e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite, jamais hão de acabar”.




Homilia:


A lingua e a saliva que cura-MC-8,22-26


Na umidade interior da boca, a saliva é uma espécie de sêmen da palavra. Ela tem como a água, grande importância: une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente, como quando se transforma em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação. A língua é fértil, seu semem é a saliva e seu fruto maduro e criativo é o Verbo, a palavra. Para despertar a palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará sua saliva sob a boca e os ouvidos do surdo-mudo. Para impedir a palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.

Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim; ela distingue, ela aparta e isola como um chicote, uma faca ou uma espada. Como órgão da palavra, a língua é criadora do Verbo e identifica-se com ele.

A língua é considerada como uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar Tg 3,2-12. Na maioria das vezes o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como tens utilizada a tua língua?

Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos vêem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover, com os dentes e a língua, uma intimização da pessoa com o alimento - por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar - a saliva fala do nosso desejo de alimentação espiritual, de alimentar-se do divino, de comer Deus. Na cavidade bucal, a saliva está associada às núpcias celestes, ao banquete celeste.

A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.

Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Ofender e insultar violentamente como quando cospe-se em alguém. Cuspir no rosto é um gesto grave em conseqüências, na tradição judaica. Quem cospe em alguém, não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não-luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (Nm 12,14).

Falar de saliva é até certo ponto evocar a salivação que nos lembram sal e salvação. Elas falam do desejo de alimentação espiritual, de um saber que é sabor e sabedoria, de comer Deus, de alimentar-se do divino e saboreá-lo. A sabedoria leva a falar com sabor, com um sabor indestrutível como o do sal.

A saliva lembra a essência da purificação e da iluminação, o caminho terapêutico da intimidade com Deus, o banquete de núpcias, o encontro do Esposo com a esposa.

O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida que, entre as curas de Jesus, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, abrir os olhos era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro messias, segundo a tradição profética. Ao apresentar-se na sinagoga de Nazaré, Jesus declara-se ungido - precisamente - para abrir os olhos aos cegos. Cristo vem abrir os olhos de todos para enxergarem o Invisível.

Como criaturas somos todos cegos de nascença. A matéria dela mesma não vê nada, não sabe nada. Nossa matéria só vê e sabe, se for tocada pela saliva e palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da água viva. Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos sequer a maior das certezas, a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fossemos imortais. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (Ef 1,9). Jesus vai em direção ao cego, sem distinção. E assim como na gênese do homem, Deus uniu sopro e saliva com o barro do terroso (Gn 2,7), assim Ele pega no barro e unta os olhos do cego. Os padres da Igreja já viam nesse barro feito por Jesus, um sinal da sua encarnação. Jesus usa e sacraliza a natureza, o pó da terra e a terapêutica saliva, para curar. E faz da cura física um sinal da cura espiritual.

Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a palavra de Jesus que está por detrás da saliva habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôs a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulharmos em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele nós conseguimos enxergar o caminho que nos leva ao Pai.

Agora lavados com e pela salva de Jesus temos os nossos olhos abertos! Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado! Povoador quer dizer: voltar para a vida do pecado que gera a nossa morte e a dos nossos!
fonte: http://www.padrejoaosv.com/homilia_diaria.php?&id=842

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