“A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”


Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Evangelho (João 20,19-23)




Homilia:


Pentecostes é o aniversário da Igreja? Sob certo aspecto, sim. A primeira comunidade tinha sido reunida por Jesus durante a Sua vida. Mas o que foi tão decisivo na data de Pentecostes, depois da Morte e Ressurreição de Cristo, é que aí começou a proclamação ao mundo inteiro da salvação em Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Para os antigos judeus, essa festa era o aniversário da proclamação da lei no monte Sinai: esta proclamação constituiu, por assim dizer, Israel como povo, deu-lhe uma “constituição”. De modo semelhante, quando os apóstolos proclamam, no dia de Pentecostes, a salvação em Jesus Cristo, é constituído o novo povo de Deus. Não só Israel, mas todos os povos são agora alcançados, cada um em sua própria língua.

Até hoje, a Igreja continua procurando alcançar todos os povos, grupos, classes e raças, numa linguagem que os atinja. Não necessariamente na linguagem que lhes agrade! Aos pobres terá que falar uma linguagem de carinho e animação; aos ricos uma linguagem provocadora, para descongelar seu coração. Mas, de qualquer modo, a todos ela deverá explicar – na linguagem adequada – que na conversão a Cristo se encontra a salvação.

O verdadeiro milagre das línguas não consiste em dizer “Aleluia” em todas as línguas, mas em falar com clareza para todos os povos, raças e classes. Os diversos dons do Espírito Santo servem exatamente para isto: para atingir as pessoas de todas as maneiras a fim de que sejam profetas da Nova Aliança, selada por Cristo em Seu próprio Sangue e agora publicada para o mundo sob o impulso do Seu Espírito. Como Moisés e os setenta anciãos no Sinai se tornaram porta-vozes de Deus e da Antiga Aliança, assim agora, a partir de Pentecostes, a Igreja deve tornar-se totalmente profética, denunciando o que está errado e anunciando a salvação que está na fraternidade e na comunhão que Jesus veio instaurar. Assim, o Espírito de Deus renovará, pela Igreja, a face da terra.

A final de contas, ainda esta pergunta inquieta o nosso coração: que linguagem é esta do Espírito, capaz de fazer com que todos compreendam? A linguagem do Espírito, que vem a fazer com que todos compreendam, é a linguagem do amor; aquela linguagem por meio da qual os gestos concretos falam por si só e possuem poder de ressurreição na vida dos outros. A grande linguagem que o Espírito quer nos ensinar a falar é a linguagem do amor; só ela tem poder de transformar tudo aqui que está dividido, fragmentado, caótico em cada um de nós. O Espírito, com esta nova forma de falar e anunciar o Pai pelo Filho, transformará tudo em nós, trazendo a nova ordem, a unidade pelo amor. No entanto, só falarão nesta nova linguagem aqueles/aquelas que se decidirem pelo amor, frente a uma profunda abertura de suas vidas ao Paráclito.

Portanto, só o que está uno, inteiro, organizado, curado, liberto, restaurado, pela ação do Espírito, é que terá condições de anunciar Jesus vivo e ressuscitado mediante esta nova linguagem que penetra todos os ouvidos e corações.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

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