"Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus."

Naquele tempo, 13as autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. 14Quando chegaram, disseram a Jesus: "Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?"15Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: "Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja". 16Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: "De quem é a figura e inscrição que estão nessa moeda?" Eles responderam: "De César".
17Então Jesus disse: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". E eles ficaram admirados com Jesus.
Evangelho (Marcos 12,13-17)


Homilia:


Para os laicistas e secularistas fanáticos, os termos “César” e “Deus” são eliminatórios, não podem subsistir juntos, estão em confronto. Para esse público, a fé em Deus e a religião são questão privada e pessoal, sem espaço social. Os ministros do Evangelho e os cristãos, em geral, devem limitar o âmbito da sua voz aos templos e sacristias. Assim tiram a Deus e a Seu Reino o que pertence a Ele: a vida do homem. Jesus disse: Anunciem o Evangelho a todas as pessoas; iluminem a sua luz todos os homens para que deem glória a Deus.

Outros, diferentemente, os teístas empedernidos, pensam que a autoridade civil deve estar a serviço do Evangelho para implantar pela força do braço secular a lei de Cristo. Assim negam a “César” a sua autonomia e os seus direitos.

Mas na solução dada por Jesus não se opõe César a Deus, o temporal ao espiritual, o político ao religioso, a autoridade civil ao Reino de Deus. Na Sua resposta, Cristo não sacraliza a autoridade do que manda, mas reconhece-lhe o direito a mandar e apresenta a obediência civil como um dever do cidadão; por isso concorda com o pagamento do imposto. Mas, ao reconhecer a autonomia do terreno e do poder civil, estabelece, pelo menos implicitamente, uma hierarquia de termos, que a nível da consciência, dá primazia a Deus sobre César.

Cristo apresenta-os como deveres complementares e não eliminatórios em litígio permanente. O “dar a Deus o que é de Deus” é o primeiro; mas daí dimana o fundamento e a obrigação de “dar a César o que é de César”.

A obrigação da autoridade pública é o ordenamento da sociedade para o bem comum; e para conseguir este objetivo conta necessariamente a lei moral, isto é, a lei de Deus. Por isso que a lealdade do cidadão deve à autoridade civil não há de estar necessariamente em luta com a sua obediência a Deus. Mas no caso de conflito de deveres por abuso da autoridade pública, é legítima a discordância, a objeção de consciência, a oposição, a resistência e inclusivamente a desobediência, quando estas normas e lei vão contra a lei natural que Deus colocou em nós ao nos criar.

Tudo que vai contra a lei natural deve ser desobedecido, para que venhamos a obedecer a Deus. Um exemplo que coloca como lei e que vai contra a lei natural: o aborto. Tudo que vai contra a lei natural nunca devemos obedecer!

O cristão deve ser o melhor cidadão, como o foi o próprio Jesus, que acatou a autoridade civil e a lei religiosa do Seu tempo, se bem com lealdade crítica. Nada do que devemos a Deus o tiramos a César; mas também temos que estar conscientes de que a fé religiosa não nos exime, antes nos obriga a prestar á autoridade estatal legítima e justa a obediência devida e a colaboração cívica: pagamentos de impostos, cumprimento das leis, responsabilidade cívica, participação democrática, crítica construtiva e solidariedade na justiça.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!”

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.42Com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!” 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem.
51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
Evangelho (Lucas 1,39-56)

Homilia:

Estamos no último dia do mês de maio, mês em que dedicamos para meditar mais na Igreja sobre a pessoa de Maria, aquela que é modelo para cada um de nós para que possamos cada vez mais ser Igreja.

Hoje celebramos com toda a Igreja a festa da Visitação de Nossa Senhora. Maria é esta que parte do norte de Israel, duma região chamada Galileia, cidade de Nazaré e vai, às pressas, para o sul de Israel, a uma região da Judéia, cidade de Ein Karem, percorrendo cerca de 150 a 180 km, a maior parte, em cima de um burrinho.

Mas é preciso entendermos, e o profeta Sofonias nos lembra muito bem disso, de que o centro desta festa não é a visitação, para o Cristo Jesus que está sendo gerado no seio da virgem Maria, aquele que é a divina misericórdia do Pai para a humanidade; por isso que Sofonia nos dá uma sacudida: “Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença contra ti, afastou teus inimigos; o rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti, nunca mais temerás o mal”. Em outras palavra, Sofonias está nos dizendo: Saiamos deste marasmo de vida que estamos levando! Levantemos e vamos ao encontro dos outros para servir! Paremos de reclamar tanto da vida, somente olhando para os problemas e para as dificuldades e vamos olhar de forma diferente, ou seja, através dos problemas e das dificuldades, nos perguntando o que podemos aprender de tudo isso… como posso crescer mais e me santificar…!

Isabel, esposa de Zacarias, é esta que possui uma casa no alto da cidade de Ein Karem, sobre uma montanha; é uma outra casa que o casal idoso possui; certamente mais fresco o clima, para aquela que está no sexto mês de sua gravidez, na espera do filho João Batista. A casa onde João Batista vem a nescer é outra, próximo desta casa da visitação, a casa primeira de Isabel e João Batista.

Nesta gravidez, Isabel está grávida, está certificada de que não é amaldiçoada por Deus – concepção que tinham as pessoas quando não podiam ter filhos; Isabel era estéril. Isabel estava certificada em sua mente, mas não em seu coração. Era preciso que ela trouxesse isso para o seu coração – o fato de ser amada por Deus – para que pudesse ser curada e, conseqüentemente, seu filho João poder nascer forte para a missão: na sua dimensão física, psíquica e espiritual.

Se Maria vai para servir Isabel, enquanto às atividades domesticas, isso é o menos relevante, apesar de toda a importância que isso possui: o serviço. Porém, antes de tudo, Isabel deveria ser servida por algo muito mais importante naquele momento da sua vida: ela precisava ser visitada pelo mistério, que é o próprio Deus, que Maria estava gerando e trazia em seu seio.

Maria vai ao encontro de Isabel para levar o mistério que é o próprio Deus. Quando Isabel recebe a visita do mistério em sua casa, ela fica cheia do Espírito Santo. Por isso, precisamos nos perguntar: nós estamos levando o mistério, que é Deus, que está em nós desde o dia do nosso batismo, para as pessoas, principalmente para aquela que mais precisam, a exemplo de Isabel? Quem nós estamos levando: Deus ou nós mesmo, a começar pelo nosso pior, muitas e muitas vezes?

Maria não vai servir como empregada domestica! Não vai para os afazeres domésticos, como prioridade de sua visita; vai para levar o mistério, Deus, seu amor, para o coração de Isabel.

Quantas pessoas estão como Isabel e precisavam de uma visita de Jesus, hoje, através de nós, com Maria. O que podemos fazer hoje, por aqueles que sofrem, aqueles que precisam de uma visita? Com certeza, esta pessoa precisa muito mais de Deus do que de remédio.

Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.

"Tudo o que o Pai possui é meu."

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora.13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.
Evangelho (João 16,12-15)

Homilia:

Para muitas pessoas, a pregação da Igreja a respeito da Trindade é obscurantismo. Para ofender a inteligência dizendo que Deus é ao mesmo tempo um em três?

Deus é um só, sempre o mesmo e fiel, mas Ele abre o seu interior em Jesus de Nazaré, um ser pessoal, livre e autônomo. Deus se dá a conhecer no modo como Jesus, livremente e por decisão própria, nos amou e nos ensinou, sendo para nós palavra de Deus, muito mais do que a sabedoria tão elogiada no Antigo Testamento (1ª leitura). E depois que Jesus cumpriu sua missão, perpetua-se para nós a “palavra”que ele tem sido, numa outra realidade pessoal, o Espírito de Deus, a inspiração que, vinda de Deus e de Jesus, invade o nosso coração, a ponto de nos tornar semelhantes a Jesus (2ª leitura). Tanto em Jesus como no Espírito Santo, quem age é Deus mesmo, embora sejam personagens distintas.

Riqueza inesgotável que a Igreja nos aponta para que saibamos onde Deus abre seu íntimo para nós: No seu Filho Jesus e no Espírito de Jesus que nos anima. Lá encontramos Deus, e o encontramos não como bloco de granito, fechado, mas como pessoas que se relacionam, tendo cada uma sua própria atuação: o Pai que nos ama e nos chama à vida; o Filho Jesus, que fala do Pai para nós e mostra como é o Pai, sendo bom e fiel até o dom da própria vida na morte da cruz; e o Espírito Santo, que doutro jeito ainda, fica sempre conosco. O Espírito atualiza em nós a memória da vida e das palavras de Jesus e anima a sua Igreja. E estão unidas todas as três Pessoas e formam uma unidade naquilo que Deus essencialmente é: amor.

Essas reflexões não visam “compreender”a Trindade como compreende que 1+1=2! Visam a abrir o mistério de Deus, que é maior que nossa cabeça. Santo Agostinho ao ver uma criança na praia colocar água do mar num poço de areia, caçoou ela, dizendo que o mar nunca ia caber aí. E a criança respondeu: “Assim também não vai caber na tua cabeça o mistério da Santíssima Trindade”. Pois bem, se não conseguimos colocar o mistério do amor de Deus em nossa cabeça, coloquemos nossa cabeça e nossa vida toda dentro desse mistério.

Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.

"O batismo de João vinha do céu ou dos homens?"


Naquele tempo, 27Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Enquanto Jesus estava andando no Templo, os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os anciãos aproximaram-se dele e perguntaram: 28”Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?” 29Jesus respondeu: “Vou fazer-vos uma só pergunta. Se me responderdes, eu vos direi com que autoridade faço isso. 30O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondei-me”.31Eles discutiam entre si: “Se respondermos que vinha do céu, ele vai dizer: ‘Por que não acreditastes em João?’ 32Devemos então dizer que vinha dos homens?” Mas eles tinham medo da multidão, porque todos, de fato, tinham João na qualidade de profeta. 33Então eles responderam a Jesus: “Não sabemos”. E Jesus disse: “Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas”.
Evangelho (Marcos 11,27-33)

Homilia:


O evangelista João situa este episódio do templo – no começo da atividade apostólica de Nosso Senhor Jesus Cristo – diferentemente dos sinóticos (evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas), que o deixam para o final. Depois de purificar o templo à Sua maneira, expulsando os vendedores e cambistas, Jesus fala de si como o novo templo para uma religião e aliança novas: “Destruí este templo e em três dias eu o levantarei… Ele falava do templo do seu corpo”. E os Seus discípulos assim o entenderam depois da Ressurreição de Cristo.

Como disse o Senhor à Samaritana, “aproxima-se a hora, e já está aqui, em que os que quiserem prestar culto verdadeiro adorarão o Pai em Espírito e verdade, pois o Pai deseja que lhe prestem culto assim”. Com o seu gesto “violento” Jesus declara abolidos o templo e o culto da antiga aliança, e descobre-nos o mistério da Sua Pessoa. Ele mesmo encarna o novo templo e a nova aliança, o novo culto e a nova religião, o novo caminho de acesso ao Pai e ao centro cultual do novo povo de Deus, a Igreja, casa de oração aberta a todos os povos.

Após a Ressurreição de Cristo, os apóstolos e os primeiros cristãos continuaram a frequentar o templo todos os dias, como o lemos nos Atos dos Apóstolos. Mas não tardou a chegar a ruptura já insinuada pela apologia do culto espiritual que o diácono Estêvão fez perante o sinédrio. Com a destruição de Jerusalém e do seu templo pelo imperador Tito (ano 70) e com a inimizade declarada da sinagoga judaica, que, a essa altura, excomungou os discípulos de Jesus, consumou-se a ruptura total da jovem Igreja com o templo de Jerusalém.

Todavia os primeiros cristãos não sentiam necessidade de construir outro novo [templo], pois celebravam o culto e a Eucaristia nas casas e na catacumbas. A princípio não houve templos, basílicas ou catedrais. Aqueles cristãos estavam conscientes, e devemos estar também nós, de que a assembleia de fé é a autêntica Igreja de Deus, o Seu santuário espiritual, prolongamento de Cristo, que é o Templo da Nova Aliança. Inclusivamente cada cristão, cada batizado, entra como pedra viva na construção do templo do Espírito; mais ainda: é templo de Deus porque o Espírito do Senhor habita nele.

Que o Senhor nos dê a graça de adentrarmos constantemente neste templo, que somos nós e, com a mesma força que Jesus empregou para expulsar os cambistas, venhamos a expulsar tudo o que está em nós que vem a macular este templo santo, que somos nós, onde o Espírito é o nosso Doce Hóspede.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

"Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros!"

Naquele tempo, 28começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos” 29Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. 31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”.
Evangelho (Marcos 10,28-31)


Homilia:


O texto evangélico de hoje continua o tema de ontem. Em nome dos seus companheiros, o apóstolo Pedro quer tirar consequências pessoais da declaração de Jesus a respeito do Seu seguimento mediante o total desapego dos bens: “Já vês que nós deixamos tudo e seguimos-te”. Segundo Mateus, acrescenta: “O que é que vamos receber?” Em resposta a tal pergunta, Cristo promete para o presente uma recompensa centuplicada e para o futuro a vida eterna.

Mas é preciso entender as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Em verdade vos digo, que quem deixar casa, irmãos ou irmãs, mãe ou pai, filhos ou terras por minha causa ou pela causa do Evangelho, receberá agora, neste mundo, cem vezes mais [...] com perseguição; e no mundo futuro, a vida eterna”. Esse cêntuplo temporal é mais qualitativo que quantitativo. Após a renúncia aos afetos familiares e aos seus bens materiais, o discípulo encontrará na comunidade do Reino de Deus, na comunidade dos irmãos na fé, relações pessoais e até apoio material muito mais gratificante que as pequenas pertenças as quais renunciou. Até cem vezes mais; hipérbole que acentua a desproporção generosa da recompensa.

A pequena frase “com perseguições” é exclusiva de Marcos. Seria um toque de radicalismo – talvez uma adição posterior -, alusivo à experiência temporária das perseguições que o Messias anunciou aos Seus. Por outro lado, esta perseguição a tanta bonança prometida é uma advertência de que, pelo seguimento de Cristo, o discípulo está longe de ter todos os problemas resolvidos. Embarcar com Ele na aventura do Reino supõe estar disposto a enfrentar as tempestades que acompanham toda a travessia durante a vida.

De uma ou outra forma, a cruz é consubstancial ao seguimento de Cristo pelo caminho do Reino de Deus, como Jesus disse repedidas vezes. Mas também é segura a vida eterna no futuro como culminância de uma libertação já iniciada mediante o desprendimento e a pobreza. Deste modo o discípulo cristão não é caminho obscuro para a morte, mas para a vida; não é pobreza solitária, mas fecundidade humana e ganho presente e futuro. Os discípulos, que agora estão na categoria dos últimos, passarão um dia a ser os primeiros.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

"... que devo fazer para ganhar a vida eterna?"

Naquele tempo, 17quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!”20Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” 22Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”.
Evangelho (Marcos 10,17-27)

Homilia:


O evangelho de Marcos é o mais rico em assinalar pormenores emocionais de Jesus. Hoje, por exemplo, temos dois dos muitos “olhares” de Cristo que Marcos anota no seu evangelho. O primeiro é dirigido com carinho a um jovem rico, e o segundo aos discípulos com alento e compreensão. Os dois olhares marcam as duas partes de que consta o evangelho de hoje: encontro de um jovem rico com Jesus e lição deste aos seus discípulos sobre a riqueza.

Em certa ocasião um homem rico aproximou-se de Jesus perguntando-lhe: Bom mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? Ele respondeu-lhe enumerando os mandamentos. O rico – um jovem, segundo Mateus – diz tê-los cumprido desde pequeno. Então Jesus olhou0o com carinho e disse-lhe: “uma coisa te falta: vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres – assim terás um tesouro nos céu – e depois segue-me”.

Ultrapassado o nível mínimo da lei, o Senhor entra numa etapa mais exigente: o desprendimento de tudo o que se possui. Só completando este segundo passo, a pobreza voluntaria, se acede à categoria de discípulo por meio do seguimento. Cristo faz a proposta seguindo seguindo as leis de uma pedagogia personalizada e responsabilizadora, isto é, sem oprimir nem impor, e respeitando a livre decisão do sujeito, que neste caso resultou negativa: “A estas palavras, ele contristou-se e saiu pesaroso, porque era muito rico”.

Perante o fracasso desta vocação, Jesus comenta: Como é difícil aos ricos entrar no reino de Deus. O desenlace da cena oferece-lhe oportunidade de instruir os seus discípulos sobre os perigos da riqueza e a necessidade do desprendimento dos bens terrenos para alcançar o Reino.

Porque ter alma de rico, isto é, “por a confiança no dinheiro”e no que se possui, supõe uma dificuldade tão grande para esse objetivo como a passagem de um camelo pelo buraco de uma agulha. Hipérbole oriental que ilustra bem a idéia. A pergunta para cada um de nós é esta: onde estamos colocando nossa esperança: em Deus, na sua palavra, ou no dinheiro, na nossa auto suficiência de viver uma vida sem Deus?

Riqueza evangelicamente falando, neste contexto, é uma vida onde tudo encontra-se em primeiro lugar e Deus em segundo. Por sua vez, pobreza evangélica é termos Deus como nossa única riqueza. Somente os pobres herdarão o Reino dos Céus.

Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.

“A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”


Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Evangelho (João 20,19-23)




Homilia:


Pentecostes é o aniversário da Igreja? Sob certo aspecto, sim. A primeira comunidade tinha sido reunida por Jesus durante a Sua vida. Mas o que foi tão decisivo na data de Pentecostes, depois da Morte e Ressurreição de Cristo, é que aí começou a proclamação ao mundo inteiro da salvação em Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Para os antigos judeus, essa festa era o aniversário da proclamação da lei no monte Sinai: esta proclamação constituiu, por assim dizer, Israel como povo, deu-lhe uma “constituição”. De modo semelhante, quando os apóstolos proclamam, no dia de Pentecostes, a salvação em Jesus Cristo, é constituído o novo povo de Deus. Não só Israel, mas todos os povos são agora alcançados, cada um em sua própria língua.

Até hoje, a Igreja continua procurando alcançar todos os povos, grupos, classes e raças, numa linguagem que os atinja. Não necessariamente na linguagem que lhes agrade! Aos pobres terá que falar uma linguagem de carinho e animação; aos ricos uma linguagem provocadora, para descongelar seu coração. Mas, de qualquer modo, a todos ela deverá explicar – na linguagem adequada – que na conversão a Cristo se encontra a salvação.

O verdadeiro milagre das línguas não consiste em dizer “Aleluia” em todas as línguas, mas em falar com clareza para todos os povos, raças e classes. Os diversos dons do Espírito Santo servem exatamente para isto: para atingir as pessoas de todas as maneiras a fim de que sejam profetas da Nova Aliança, selada por Cristo em Seu próprio Sangue e agora publicada para o mundo sob o impulso do Seu Espírito. Como Moisés e os setenta anciãos no Sinai se tornaram porta-vozes de Deus e da Antiga Aliança, assim agora, a partir de Pentecostes, a Igreja deve tornar-se totalmente profética, denunciando o que está errado e anunciando a salvação que está na fraternidade e na comunhão que Jesus veio instaurar. Assim, o Espírito de Deus renovará, pela Igreja, a face da terra.

A final de contas, ainda esta pergunta inquieta o nosso coração: que linguagem é esta do Espírito, capaz de fazer com que todos compreendam? A linguagem do Espírito, que vem a fazer com que todos compreendam, é a linguagem do amor; aquela linguagem por meio da qual os gestos concretos falam por si só e possuem poder de ressurreição na vida dos outros. A grande linguagem que o Espírito quer nos ensinar a falar é a linguagem do amor; só ela tem poder de transformar tudo aqui que está dividido, fragmentado, caótico em cada um de nós. O Espírito, com esta nova forma de falar e anunciar o Pai pelo Filho, transformará tudo em nós, trazendo a nova ordem, a unidade pelo amor. No entanto, só falarão nesta nova linguagem aqueles/aquelas que se decidirem pelo amor, frente a uma profunda abertura de suas vidas ao Paráclito.

Portanto, só o que está uno, inteiro, organizado, curado, liberto, restaurado, pela ação do Espírito, é que terá condições de anunciar Jesus vivo e ressuscitado mediante esta nova linguagem que penetra todos os ouvidos e corações.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

“Apascenta as minhas ovelhas”

Jesus manifestou-se aos seus discípulos 15e, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”.16E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. 18Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.
Evangelho (João 21,15-19)


Homilia:

O Evangelho de hoje contém duas partes. Na primeira, Jesus confere ao apóstolo Pedro uma investidura pastoral preeminente, e na segunda, preanuncia-lhe o seu destino de mártir. Está subjacente neste Evangelho a tradição neotestamentária de uma aparição do Senhor ressuscitado a Simão Pedro, e vemos também a afinidade com a passagem do primado segundo Mateus.

Na tripla pergunta de Cristo: “Simão, amas-me?”, e na correspondente resposta do apóstolo com a sua tripla e humilde: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”, há por parte do Senhor uma reabilitação de Pedro na sua condição de discípulo depois da sua tripla negação na noite da Paixão. É a sua oportunidade e o seu desquite. A cada resposta do apóstolo, Jesus acrescenta: “apascenta as minhas ovelhas”. É a sua tripla investidura pastoral, que consuma a reabilitação com tal posto de confiança. Encontramos, pois, aqui um testemunho escrito em finais do século I em que aparece o apreço comunitário sobre a missão e autoridade pastoral de Pedro na Igreja.

O ministério de Pedro – e do seu sucessor o Papa, Bispo de Roma – é o primado do servo e da caridade na Igreja de Cristo. Carisma que não se lhe concede para prestígio próprio nem se baseia na sua capacidade pessoal e extraordinária, pois é patente a sua debilidade humana. Tudo é graça, dom e presença invisível de Jesus pela força do Seu Espírito.

Jesus examina Pedro pelo amor e há de reconhecer que conseguiu uma distinção que, noutra ocasião, merecerá uma reprovação. E examina-o sobre o amor porque a sua tarefa como guia das ovelhas do Bom Pastor, que é Cristo, terá de exercer-se à base do amor ao rebanho, segundo aquelas palavras de Santo Ambrósio: “Cristo deixou-nos Pedro como vigário do Seu amor”.

Já na Última Ceia Nosso Senhor Jesus Cristo dissera ao apóstolo: “Simão, Simão! Olha que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo. Mas eu pedi por ti para que a tua fé não desfaleça. E tu, quando te recuperares, confirma os teus irmãos”. Pedro é, efetivamente, o primeiro entre os seus irmãos. Mas a autoridade dentro da comunidade cristã é serviço, a exemplo de Cristo: “O primeiro entre vós deve ser o servidor de todos, e o que manda como o que serve”.

A morte de Pedro que Jesus lhe vaticina em enigma: “quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te conduzirá aonde não queres”, será a prova definitiva da sinceridade da sua tripla profissão de amor a Jesus e da sua fidelidade à missão recebida.

Mas já antes Pedro teve ocasião de testemunhar o seu amor e a sua fé em Cristo e de salvaguardar a comunhão eclesial a serviço da missão. Por exemplo, chegado o momento da prova, perante o conselho dos judeus e desafiando a sua ordem, ele proclama a Morte e Ressurreição de Jesus, porque “é preciso obedecer antes a Deus que aos homens”. Igualmente, no Concílio de Jerusalém soube manter a abertura missionária da Igreja aos pagãos e conservar a união dentro da comunidade.

Também hoje é dia de pedir ao Pai que haja depressa um só rebanho sob um só pastor para que o mundo inteiro creia que Jesus Cristo é o enviado pelo Pai.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

"Pai, aqueles que me deste, quero que estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória"

Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao céu e rezou, dizendo: 20“Pai santo, eu não te rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela sua palavra; 21para que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, e para que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste.22Eu dei-lhes a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: 23eu neles e tu em mim, para que assim eles cheguem à unidade perfeita e o mundo reconheça que tu me enviaste e os amaste, como me amaste a mim. 24Pai, aqueles que me deste, quero que estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória, glória que tu me deste porque me amaste antes da fundação do universo. 25Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes também conheceram que tu me enviaste.26Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o tornarei conhecido ainda mais, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles”.
(João 17,20-26)


Homilia:


A união dos cristãos é um tema de perene atualidade. Necessitamos do dinamismo da conversão contínua e progressiva para a unidade, tanto no interior da Igreja, como em âmbito ecumênico ou intereclesial. União primeiramente entre os membros da própria Igreja, e união depois com os cristãos das diversas confissões.

É normal que haja diversos pontos de vista no que é acidental e diversidade de opiniões para problemas que surgem em situações sócio-culturais distintas. Mas não é cristão que por isso levantemos muros de divisão, causando escândalo aos que nos veem de fora. Ponhamo-nos de acordo no essencial em âmbito interno mediante o amor e o diálogo e respeitemos as legítimas diferenças. Assim não perderemos eficácia missionária e evangelizadora.

Critérios que são válidos também para as relações com os irmãos separados. É evidente o contratestemunho que hoje, como durante séculos, nós os seguidores de Jesus oferecemos ao mundo, divididos em diversas confissões cristãs. Jesus rezou ao Pai: “Que todos sejam um para que o mundo acredite que tu me enviaste”. Graças a Deus está em marcha o movimento ecumênico que trata de reunificar o Corpo de Cristo, desmembrado através da história por culpa e intransigência de uns e de outros.

Felizmente, é muito mais o que nos une do que o que nos separa. Pontos básicos e comuns são estes: 1º - Fé em Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e Pai Nosso, a quem rezamos a oração comum dos filhos de Deus; o Pai-Nosso que Jesus nos ensinou. 2º - Fé em Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador nosso, por quem temos a vida de Deus num mesmo batismo. 3º - Fé no mesmo Espírito vivificante. 4º - O mesmo Evangelho, basicamente o mesmo credo e, fundamentalmente, a mesma Palavra de Deus na Bíblia.

Tudo nos diz que somos “irmãos separados” que devem unir-se, segundo o desejo de Cristo, para que o mundo acredite n’Ele e para que haja um só rebanho, uma só Igreja, sob um mesmo Pastor. São Paulo expressava assim o ideal e fundamento da unidade cristã: “Um só corpo e um só Espírito, como uma só é a meta de esperança da vocação a que fostes chamados: um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos” (Ef 4,4s).

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

"Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um assim como nós somos um."

Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos para o céu e rezou, dizendo: 11b“Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um assim como nós somos um. 12Quando eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que me deste. Eu os guardei e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. 13Agora, eu vou para junto de ti, e digo estas coisas, estando ainda no mundo, para que eles tenham em si a minha alegria plenamente realizada. 14Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os rejeitou, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo. 15Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. 16Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo.17Consagra-os na verdade; a tua palavra é verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. 19Eu me consagro por eles, a fim de que eles também sejam consagrados na verdade”.
(João 17,1-11a)


Homilia:


O nosso testemunho da verdade, que é Cristo, centra-se no amor, segundo o desejo de Jesus: “Que sejam um como nós, para que o mundo acredite”. Por sua vez esse amor brota do amor que Deus nos tem e pelo qual nos oferece a nova vida pascal em Jesus e pelo Seu Espírito. “Se Deus nos amou desta maneira, também nós devemos amar-nos uns aos outros”. Disso somente é capaz quem vive como consagrado e santificado pela verdade, isto é, em união com Cristo.

Para testemunhar essa nova vida de consagrado, o cristão deve experimentá-la antes e vivê-la pessoalmente pela fé, pois esta nova vida está com Cristo, escondida em Deus. Por isso o crente não tem distintivo exterior algum que o identifique. O júbilo pascal da nossa adoção filial por Deus pertence ao mundo da fé; e a fé é, antes de tudo, experiência vivencial, dom e graça do Senhor, e não mero conhecimento conceitual deste.

A vida nova com Cristo, fruto da nossa consagração pelo Pai, é oferecida a todo o que acredita que Jesus é o Filho de Deus, como repete insistentemente o quarto Evangelho. Com a força dessa fé e vida nova seremos capazes de transformar tudo, dentro de nós e à nossa volta: trabalho, estudo, vida familiar, problemas pessoais, compromisso social, solidão, doença e morte.

Temos de provar, de gostar e de ensaiar com entusiasmo a nossa vida pascal, convertendo o coração aos bens do Alto, ainda que sem nos desinteressarmos das pessoas e do mundo. Consideremo-nos mortos para o pecado e suas obras e ressuscitados com Cristo para Deus. Dois tempos ou movimentos de uma mesma melodia, com aparência negativa o primeiro e com nome positivo o segundo, mas inseparáveis e, no fundo, iguais.

Para vencer o ódio do mundo, no meio do qual temos que viver, não há meio melhor e mais convincente que o testemunho da verdade pelo amor.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

"...porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste."

Naquele tempo, 1Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, 2e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste.3Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. 5E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.6Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus, e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. 7Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, 8pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram, e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste.9Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. 11aJá não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.
(João 17,1-11a)


Homilia:

O Evangelho nos traz a oração de Jesus ao Pai diante de Seus amigos e em voz alta e é um convite para os discípulos e, hoje, para cada um de nós, para que sejamos, cada vez mais, homens e mulheres de oração, de intimidade com o Pai, por meio do Filho, na ação do Espírito.

Mas diz-se que hoje em dia há crise de oração entre os cristãos; que se reza pouco e quando se reza, reza-se mal. Contudo, felizmente, não faltam casas, grupos e vigílias de oração.

A jovem Igreja começou o caminho histórico da missão treinando-se na oração comunitária, e não por uma atividade febril sem contato com Cristo e o Seu Espírito. Porque na oração, que cria comunhão com Deus, está a força da comunidade e do cristão para testemunhar aos homens a presença de Cristo, o Senhor glorioso e Salvador da humanidade.

Necessitamos orar sempre, e com mais intensidade ainda nos momentos de crise pessoal ou comunitária, para nos reafirmarmos na nossa identidade cristã. Porque então só nos pode reabitar um encontro pessoal com o Deus, que é vida e amor, dons dados a quem com Ele se comunica.

A oração é falar com Deus como pessoas livres; mais ainda, como filhos Seus que somos. Saber rezar não é difícil; basta falar com o Senhor. Muitas vezes, sequer é necessário falar, pois escutar é o suficiente. A nossa oração pode ser individual ou comunitária, mental ou vocal, espontânea ou já construída (salmos, preces, cânticos, bênçãos, etc.), e a oração por excelência: o Pai-Nosso.

Necessitamos orar, quer seja nas ocupações de cada dia, quer seja retirando-nos a sós com Deus. Mas num e noutro caso, escutando a Jesus, que é escutar o Pai, e orando com Ele para captar o mistério do inexprimível e testemunhá-Lo depois aos nossos irmãos, os homens. Porque a oração, a contemplação e a experiência de Deus, quando são autênticas, passam à ação de libertação em cada um de nós. Isso é levar a oração à vida e a vida à oração.

Convençamo-nos: a oração com Jesus nos é indispensável para uma vida cristã autêntica e fecunda. Hoje é ocasião de nos perguntarmos como e quanto rezamos individual e comunitariamente. Santa Teresa sempre dizia às suas filhas e Deus, por meio dela, a cada um de nós: quem reza muito, se salva; quem reza pouco, se condena.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!

Naquele tempo, 29os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. 30Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”. 31Jesus respondeu: “Credes agora? 32Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o Pai está comigo. 33Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!”
(João 16,29-33)



Homilia:


Se queremos definir o Espírito com uma expressão atual e bíblica, vital e única, teremos que dizer : é o dom do Cristo ressuscitado à Igreja, que é o seu corpo; é o Espírito do próprio Jesus em nós; é o “nós”trinitário e a consciência eclesial; é o amor que Deus nos tem, difundido nos nossos corações; é a nossa nova dimensão pessoal e comunitária de discípulos de Jesus, cristãos, filhos de Deus e irmãos dos homens.

Nos nossos dias assistimos com alegria ao redescobrimento do Espírito na Igreja, que põe em relevo o protagonismo decisivo do Espírito na renovação interna do povo de Deus e na sua missão evangelizadora do mundo. Os carismas e a chama do Pentecostes não se apagaram e são perceptíveis nos constantes movimentos que de um ou outro modo vivificam a Igreja, tais como: comunidades neocatecumenais e carismáticas, cursilhos, movimento de casais, grupos de oração, ecumenismo e libertação; elem dos institutos de vida consagrada, tanto religiosos como seculares.

Estes institutos, ordens e congregações religiosas, tanto masculinas como femininas, assim como os institutos seculares e sociedades de vida apostólicas, exercem um carisma próprio para funções concretas na missão universal da Igreja. Tais como: contemplação e oração; evangelização do povo fiel e das nações não cristãs; ensino e educação de crianças, adolescentes e jovens; atenção aos doentes, idosos, pobres a marginalizados; trabalho nos meios de comunicação social ao serviço da fé e da missão; testemunho e consagração a Deus da vida e ocupação quotidiana no mundo.

A força e a ação do Espírito manifesta-se não só nestes carismas que têm já forma institucional na Igreja, mas também na vida de todo o crente, homem ou mulher, que reforça a sua vocação cristã com um coração animado.

Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.

"No seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados!"

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:46“Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.48Vós sereis testemunhas de tudo isso. 49Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”.50Então Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. 51Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. 52Eles o adoraram.Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. 53E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus.
(Lucas 24,46-53)



Homilia:


Com toda a Igreja, celebramos neste final de semana a solenidade da Ascensão de Jesus Cristo ressuscitado ao Céu. Estamos ainda dentro do tempo Pascal, tempo este em que celebramos a ressurreição do senhor durante cinqüenta dias num único mistério celebrado: o mistério da Páscoa do Senhor.

Como nos diz Lucas na primeira leitura, durante quarenta dias Jesus Cristo ressuscitado se mostrou aos seus discípulos, manifestando a sua ressurreição. Mas é preciso que Cristo parta para junto do Pai, para que o Espírito possa vir à comunidade fazendo com que a Igreja possa nascer.

Jesus leva seus discípulos para o ponto mais alto do monte das oliveira, perto de Bethânia – pois esta aldeia se encontra na encosta oriental do monte das oliveiras – e ali ascende ao Céu para junto do Pai, para que possa mandar o Espírito Santo aos discípulos.

É interessante percebermos no evangelho de Lucas, que ele tem a pretensão de apresentar para a sua comunidade e para cada um de nós, que Jesus encontra-se constantemente caminhando, subindo, para Jerusalém; para Lucas, Jesus, apresentando a face do Pai, um Deus totalmente tomado de compaixão, amor e misericórdia para com seus filhos, é dinâmico, ou seja, está sempre em movimento, caminhando para Jerusalém, Jerusalém esta que é muito mais que um lugar geográfico: é o lugar da sua entrega, do cumprimento da vontade do Pai. Todavia, o mesmo evangelista Lucas, escrevendo os Atos dos Apóstolos, nos apresenta a Igreja, em Cristo, sob o poder e força do Espírito que parte de Jerusalém, rumo a todos os cantos da Terra para levar a Boa Nova da ressurreição do Senhor.

Jesus deixa claro para os discípulos que importantíssimo que ele se vá, para que possa enviar o Paráclito, o Espírito da verdade. O mesmo Espírito que moveu Jesus a uma entrega total a missão que o Pai lhe confiou, é o mesmo Espírito que virá sobre os discípulos e fará com que a salvação do Pai em Jesus se perpetue na história até a segunda vinda de Cristo, por meio da sua Igreja. Jesus subindo ao Pai, faz com que o Espírito venha para que a continuidade da salvação e redenção da humanidade continue sendo atualizada e realizada, agora, mediante sua Igreja. Jesus Cristo, para Lucas, vai a Jerusalém e de Jerusalém parte a Igreja, Igreja esta que nada mais é que o corpo místico de Cristo: Ele é a cabeça e nós – batizados somos os membros, sendo que o que anima este corpo e dá vida, nada mais é que o próprio Espírito Santo.

Jesus vai ao Pai e agora começa a nossa missão, a missa da Igreja. A pergunta é: para onde estamos olhando? Estamos olhando para o que os outros – na Igreja -, para aquilo que estão fazendo ou deixando de fazer? Estamos olhando para outras realidades, que não condizem com a vida e a vocação de quem é Igreja pelo batismo que recebeu? Estamos olhando para aquilo que devemos ser enquanto Igreja missionária de Jesus Cristo, com o intuito de anunciá-lo e testemunhá-lo perante o mundo?

Não ficaremos e não estamos órfãos! A presença do Espírito mostra a presença de toda a Trindade em cada um de nós Igreja, graças ao Espírito que nos foi dado. Cabe a nós vivermos nossa vocação de anunciar o Cristo ressuscitado até os confins do mundo, a começar nos ambientes que Deus nos colocou: família, trabalho, sociedade… aonde estivermos.

Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.

Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 23b“Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará. 24Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis; para que a vossa alegria seja completa. 25Disse-vos estas coisas em linguagem figurativa. Vem a hora em que não vos falarei mais em figuras, mas claramente vos falarei do Pai. 26Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que vou pedir ao Pai por vós, 27pois o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes e acreditastes que eu vim da parte de Deus. 28Eu saí do Pai e vim ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai”
(João 16,23b-28)



Homilia:

No evangelho de hoje expõe Jesus suas conseqüências que resultam da união com os seus. Em dias anteriores deste tempo pascal, meditando sobre o discurso de despedida de Cristo, vimos o círculo de amor que se estabelece entre o Pai, Jesus, o Espírito, os crentes e estes entre si. Hoje extraem-se duas aplicações de tal intimidade e comunhão de vida. A primeira, a respeito da oração; e a segunda, a respeito do conhecimento de Jesus do Pai. São “privilégios” de que desfrutará o discípulo de Cristo.

Jesus assegura o cumprimento das súplicas feitas ao Pai em seu nome. “Em verdade vos digo, o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará. Até agora não pediste nada em meu nome; pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa”. Dado que o crente experimentará a presença de Jesus na imanência do Espírito nele, permanecerá unido a Cristo e, portanto, em comunhão também com o Pai, com o qual Jesus é uno.

Os discípulos não podiam alcançar essa união profunda com Cristo enquanto não recebessem o dom do Espírito, que é o fruto da glorificação de Jesus, isto é, da sua morte e ressurreição. Por isso, “até agora não pediram nada em seu nome”, em união com ele. Além disso, o que se pede a Deus em nome de Jesus, também se recebe do Pai em nome de Cristo. É óbvio, por outro lado, que não se trata de solucionar tanto as necessidades ordinárias da vida quanto as que dizem respeito à vida eterna: “para que a vossa alegria seja completa”.

Essa alegria cristã fundamenta-se, em última instância, no conhecimento pleno de Jesus como revelador do Pai: Falei-vos disto em figuras; chega a hora em que já não vos falarei em figuras, mas vos falarei do Pai claramente”. É o segundo privilégio do crente: conhecer em plenitude quanto Jesus revelou.

Isto consegue-se com o dom do Espírito que procede do Pai e de Jesus e que faz nascer para os crentes a sua condição de filhos de Deus, de modo que o conhecimento deste resulta quase conatural. Como dizia São Paulo: “Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas depois veremos cara a cara”; com a diferença de que, segundo São João, esse conhecimento final se antecipa para o momento presente, porque o futuro já começou.

Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.

Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.16Não fostes vós que me es­colhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.
(João 15,9-17)

Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu.



Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. 13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.
14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.

(João 16,12-15)




Homilia:

No Evangelho de hoje temos duas das seis tarefas que Jesus atribui ao Espírito do seu discurso de despedida, como estamos vendo nestas últimas semanas da Páscoa. Primeira - Acompanhar os discípulos da ausência de Jesus. Segunda - Recordar-lhes as palavras de Jesus. Terceira - Dar testemunho d’Ele. Quarta - Fazer um julgamento constante sobre o pecado e a injustiça do mundo. Quinta - Conduzir os discípulos até a verdade plena. Sexta - Glorificar Jesus.

Embora necessitemos imperiosamente de fazê-lo, é difícil falar hoje do Espírito Santo a um mundo vazio de espírito, rico de matéria e submerso na incredulidade. Como foi difícil a São Paulo anunciar o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo aos atenienses “ao Deus desconhecido” e dos argumentos em que a filosofia grega dos estóicos coincidia com a revelação bíblica, para entrar o seu discurso no conhecimento de Deus em quem vivemos, nos movemos e existimos; mais ainda: de quem somos descendência. Tudo isso convida à conversão a Deus que constituiu juiz Jesus, ressuscitando-O de entre os mortos.

Ainda que o Espírito de Deus atue também fora da Igreja, é a comunidade de fé o espaço natural da Sua presença e ação, segundo se depreende do discurso de despedida de Cristo. Assim se conclui também da leitura continuada que vimos fazendo do livros dos Atos, que além de ser um ensaio histórico-teológico da Igreja nascente, é também a primeira melhor teologia do Espírito. Este comunica-se ao grupo cristão mediante os sacramentos, de maneira que, a partir do batismo, toda a nossa vida cristã está marcada pela ação d’Ele [Espírito Santo de Deus].

Necessitados de estar conscientes disso e pedir, com frequência, à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade a coragem que nos é indispensável para sermos cristãos hoje em dia, isto é, para confessarmos Cristo como Senhor das nossas vidas, para sermos membros ativos de uma Igreja missionária, para podermos rezar o Pai Nosso, para enchermos o nosso vazio, derretermos o nosso gelo e vencermos o pecado com a força do alto, para vivermos, enfim, a moral cristã com prazer de filhos de Deus e como lei do Espírito, que dá vida e liberdade em Cristo Jesus.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

O Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15,26“Quando vier o Defensor que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 27E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. 16,1Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada. 2Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. 3Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. 4aEu vos digo isto, para que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.

(João 15,26–16,4a)


Homilia:

Segundo vemos nos Atos, os apóstolos de Jesus não eram os mesmos antes da Ressurreição do Senhor e depois de Pentecostes. Antes, tímidos e ambiciosos; depois audazes e servidores. Chegando o momento da prova, diante do tribunal judeu proclamam abertamente: é preciso obedecer antes a Deus que aos homens.

O mais fácil é um Cristianismo triunfalista em tempos de bonança e acomodação em momentos de adversidade; mas a Palavra de Jesus não se deixa moldar nem por uma nem por outra atitude. Por isso temos de rever continuamente , tanto no plano comunitário como no pessoal, a nossa conduta e imagem cristãs. Estas têm de se plasmar numa linha firme, embora humilde, forte, mas servidora, incômoda talvez, mas alegre para podermos repetir com São Paulo, sentindo a força na fragilidade humana: “Oprimem-nos mas não nos esmagam; postos em apuros, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados… Incessantemente e por toda a parte trazemos em nosso corpo a morte de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nós”.

Por outro lado, para testemunhar Cristo não temos de esperar pela inimizade declarada do mundo que nos rodeia. O testemunho cristão, ainda que sem palavras, é compromisso de todos os dias e faz parte da tarefa da evangelização que nos compete como membros que somos da Igreja.

Dentro da comunidade humana em que vivemos há múltiplas ocasiões de manifestar a nossa capacidade de compreensão e aceitação dos outros, a nossa comunhão de vida e destino com os nossos concidadãos, a nossa solidariedade nos esforços de todos por quanto existe de nobre, bom e santo. Neste contexto de viver o cotidiano temos de irradiar, de maneira simples e espontânea, a nossa fé e esperança nos valores superiores.

Façamos tudo isso com a alegria de saber que nunca estamos perdidos na nossa solidão, porque no santuário mais inviolável da nossa intimidade temos a companhia do Espírito de Jesus, que é a Sua presença contínua entre nós.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

"Vou, mas voltarei a vós"

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 23“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou.25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.
27Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.
28Ouvistes o que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.
29Disse-vos isso, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis”.
(João 14,23-29)

A “nova Jerusalém” é a “morada de Deus com os homens”, dizia-nos a utopia que escutamos domingo passado. Mas uma utopia também serve para mostrar o sentido da realidade presente. Hoje, a liturgia insiste na presença da utopia do Criador: a “inabilitação” de Deus nos homens não acontece apenas na utópica “nova Jerusalém”, mas em cada um que guarda a Palavra do Cristo, Seu mandamento de amor. Pois a Palavra do Cristo não é d’Ele, mas a do Pai que O enviou.

Os discípulos não entenderam isso. Por isso, grande parte dos primeiros anos do Cristianismo decorreu em “tensão escatológica”: aguardava-se a vinda de Cristo com o poder do Alto, a Parusia, como instauração do Reino de Deus. Só aos poucos, os cristãos começaram a entender que a nova criação já tinha se iniciado na própria comunhão do amor fraterno, testemunho do amor de Cristo a todos os homens. Esta compreensão, esta “memória esclarecida” de Cristo é uma das realizações, talvez a mais importante, do Espírito Santo.

Neste tempo intermediário, não devemos ficar com medo ou tristes porque Cristo não está conosco. Ele permanece conosco, neste Espírito, que nos faz experimentar a inabilitação em nós d’Ele e do Pai – portanto, muito mais do que significa sua presença na terra, pois o Pai vale mais que a presença física de Cristo.

Nossa comunidade cristã deve ser antecipação da Jerusalém celeste. Tendo Cristo por centro e luz, certamente haverá unidade e comunhão entre seus habitantes. A primeira leitura de hoje pode ilustrar isso. O conflito na comunidade era grave. O problema era análogo: a Igreja devia ser concebida como uma instituição acabada, à qual os outros se deveriam agregar? Neste caso, ela podia conservar suas instituições tradicionais ou seria a Igreja um povo a ser constituído ainda, aberto para a forma que o Espírito lhe quisesse dar? Para este fim, Paulo e Barnabé procuram a união dos irmãos em redor daquilo que o Espírito tinha obrado junto com eles. Conseguiram. Não se esforçaram em vão. O “Concilio dos Apóstolos”, como se costuma chamar este episódio, confirmou a prática de admitir pagãos sem passar pelas instituições judaicas. Apenas, em nome da mesma união fraterna , os cristãos do paganismo deviam abster-se de quatro coisas que eram realmente tabu para os judeus cristãos; não respeitar isso seria tornar a vida em comunidade impossível. A caridade fraterna acima de tudo!

Na caridade fraterna, Deus e o “Cordeiro” moram conosco. A cidade de Deus não é uma grandeza de ficção científica, mas uma cristandade organizada. Ela é uma realidade interior, atuante em nós e, naturalmente, produzindo também modificações no mundo em que vivemos. Ela é obra do Espírito de Deus que nos impele.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 18“Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. 19Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence. Mas, porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia. 20Lembrai-vos daquilo que eu vos disse: ‘O servo não é maior que seu senhor’. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21Tudo isto eles farão contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”.
(João 15,18-21)



Homilia:
Padre Fabio de Freitas
fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/




A Palavra de Cristo, a qual o discípulo trata de encarnar na sua vida e conduta, provoca frequentemente a rejeição e a hostilidade do mundo. O verdadeiro crente sofrerá por manter a sua opção pelo Evangelho, pois os seus critérios e prioridades se chocarão com os do mundo, que se fecha a Deus por desconhecê-Lo. Por tudo isso o discípulo necessita de resistência para ser diferente, pois a sua postura torna-se incômoda e arriscada.

A cruz de Cristo será sempre loucura para a sabedoria humana e escândalo para o coração do homem atual. Mas o cristão tem a incumbência de testemunhar que o futuro e a felicidade do homem só se alcançam mediante o amor que se esquece de si mesmo e vai longe, ao sacrifício e à cruz.

A nova vida do batizado tem um estilo próprio e definido que nasce dos ensinamentos e do exemplo de Jesus. E o mandato e a maneira de Cristo atuar foi amar os outros e fazer-lhes o bem. Somente amando podemos testemunhar que cremos em Cristo e renascemos de Deus; porque o que não ama e o que odeia continuam na escravidão da morte, no velho fermento da corrupção e da maldade.

O amor é o testemunho pascal que melhor se entende e que melhor pode convencer um mundo que propaga o egoísmo e o ódio. O amor é, além disso, o selo de identidade do discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o sinal da primavera da fé, da Páscoa florida. Ao amor ampara-o a fé e a esperança de que o que já foi iniciado em nós – a vida nova escondida em Deus –, culminará na ressurreição final com Cristo, na nossa vitória, juntamente com Ele, sobre o pecado e o mal do mundo.

O nosso testemunho pascal do amor há de ser tanto individual como comunitário. Amar os irmãos, especialmente os mais pobres e necessitados, é testemunhar que no nosso coração se realizou a passagem das trevas para a luz, da morte para a vida, do egoísmo para a solidariedade, do ódio e da indiferença para a reconciliação e a fraternidade. Numa palavra, amar é ser testemunhas, como os apóstolos, de que vimos o Senhor com os olhos da fé e Ele entrou completamente na nossa existência.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
fonte: http://blog.cancaonova.com

Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que, então, pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
(João 15,1-8)

Homilia:

A ideia central do Evangelho de hoje é a união permanente do discípulo com Jesus mediante o amor, isto é, mediante o cumprimento dos Seus mandamentos; porque o amor prova-se na obediência da fé. Este breve texto é uma transição entre a comparação da videira e a declaração de amizade que Cristo depois fará aos que até então não eram mais que Seus discípulos.

O amor mútuo do Pai e do Filho transvaza-se de Cristo para o discípulo e deste para os irmãos; Jesus diz: “Como o Pai me amou, assim eu vos amei; permanecei no meu amor”. Cristo afirma agora do amor o que antes disse da vida no Seu discurso do pão da vida: “Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim”. Amor e vida são conceitos intercambiáveis e realidades equivalentes na literatura joanina.

E como permanecer no amor de Cristo? “Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como eu guardei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor”, diz Jesus, porque “aquele que me ama guardará a minha palavra”. As expressões “aquele que me ama” e “permanecereis no meu amor”, entendidas à luz de toda a mensagem de Cristo, equivalem a “aquele que ama o irmão ama-me a mim”. Por que, que pode estar seguro de mar a Deus e a Jesus, a quem não vê, senão amando o irmão a quem vê? Por isso, mais adiante Jesus insistirá no amor fraterno.

Amar o Senhor é guardar os Seus mandamentos. Amor e obediência não são adjetivos que se excluam um ao outro. Porque o amor brota da obediência, e esta, por sua vez, exprime e aumenta o amor, como sucede com Cristo a respeito do Pai. A relação existente entre o amor e a obediência é muito estreita; apoiam-se e completam-se mutuamente. Quando o amor leva a sacrificar o próprio querer para se conformar com a vontade do outro, conseguindo a fusão de vontades, então o amor é maduro e realiza-se o que dizia São João da Cruz: “Amada no amado transformada”. A felicidade está em relação direta com a capacidade de sacrifício.

O amor e a obediência unidos criam alegria gozosa. Por isso Cristo comunica a sua alegria aos seus, como uma antecipação da felicidade eterna de amar e ser amados. O amor gera alegria quando é totalmente livre, isto é, quando está completamente isento de egoísmo e de interesse próprio. O amor é compreensível e prestável, “não é invejoso, não é egoísta, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade, tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta”, como diz a Sagrada Escritura.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
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Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
(João 15,1-8)



Homilia:

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova
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A videira e os ramos. Com o Evangelho de hoje começa o capítulo 15 de São João, segunda seção do discurso da despedida de Jesus. Se antes Cristo falou da comunhão de vida com os seus mediante a sua morada em que O ama guardando a sua Palavra e diante da presença do Espírito, agora acentua de novo esses laços de união mediante outra comparação: a videira e os ramos.

“Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanece na videira, assim também vós se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos; o que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. A união com Cristo é condição inevitável para dar fruto como cristão, porque n’Ele, que é a cepa, vem a seiva para os ramos.

É evidente a realidade bíblica da comparação joanina a cerca da videira. No Antigo Testamento o povo de Israel é a vinha que o Senhor cuida amorosamente. Em São João, a videira é o próprio Jesus. Mas esta videira evangélica, enquanto símbolo de Jesus e dos crentes, vem a ser também imagem do novo Israel: a Igreja. No símbolo paulino do corpo, do qual Cristo é a cabeça e nós os membros, encontramos uma equivalência aproximada à alegoria da videira e dos ramos.

O Concílio Vaticano II, ainda que prefira o conceito bíblico de “povo de Deus” para definir a Igreja, dá nota das múltiplas imagens bíblicas que nos aproximam do mistério eclesial, tais como corpo, videira, redil, morada, templo, etc… Em todas elas se fala de relações pessoais e comunitárias com Deus, com Cristo e com os irmãos.

Cristo diz que Ele é a videira verdadeira, o novo Israel, que substitui a antiga vinha, arrasada porque não deu mais que uvas azedas, Por isso, como ensina a parábola dos vinhateiros homicidas , o Reino de Deus passou para outro povo que produzirá os seus frutos. A fé em Cristo não tem conotações raciais nem o monopólio de ninguém. Assim o deixa claro a primeira leitura de hoje.

Alguns integristas, vindos da Judéia para Antioquia, tentavam fechar a porta que a Igreja primitiva acabara de abrir aos não judeus com a conduta de Pedro em casa do centurião romano Cornélio e com a missão de Paulo e Barnabé aos gentios. Esta minoria de puritanos, chamados “judaizantes”, exigiam, entre outras prescrições da lei mosaica, a circuncisão para os convertidos do paganismo. Segundo eles, como condição de salvação. A comunidade antioquenha delegou a Paulo e Barnabé que fossem a Jerusalém conferenciar com os apóstolos e presbíteros. Assim teve lugar uma assembleia plenária em Jerusalém, o primeiro Concílio da Igreja, que optou pela liberdade de Cristo.

Ser cristão, ser discípulo de Cristo, não será uma questão somente de aceitar e professar uma doutrina, de respeitar certas normas de moral e de agir em consequência. Não; trata-se sobretudo de permanecer unido a Jesus pelo amor e a obediência da fé que dá vida. Por isso Jesus repete insistentemente: permanecei no meu amor, porque sem mim nada podeis fazer.

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou!

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.
30Já não falarei muito con­vosco, pois o chefe deste mundo vem. Ele não tem poder sobre mim, 31amas, para que o mundo reconheça que eu amo o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou”
(João 14,27-31a)





Homilia:

Padre Bantu Mendonça K. Sayla
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Chegou à hora do Príncipe da Paz partir para o seio do Seu Pai. E não querendo deixar seus melhor amigos em conflito, em guerra rompe o silencia provocado pelo medo da solidão que seria provada pela sua ausência. Então se levanta e pronuncia as benditas palavras: Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo.

Trata-se aqui do discurso da despedida. O mestre sabia que tinha chegado a hora de sair deste mundo. E por isso, não queria partir sem dar sossego, calma, segurança, tranqüilidade, amparo, conforto, prosperidade, vitória em fim garantia de vida plena.

O mestre faz uma clara declaração da sua personalidade. Ele é, por natureza, comunicador de paz. Sem dúvida, não estamos às voltas com uma espécie de paz intimista e sentimental. A paz de Jesus é muito mais do que isto! Ele é O Príncipe da Paz.

A paz é um dom de Jesus para seus discípulos, em vista do testemunho que são chamados a dar. Ela visa à ação. Por isso, não pode reduzir-se ao nível do sentimento. A paz de Jesus tem como efeito banir do coração dos discípulos todo e qualquer resquício de perturbação ou de temor que leva ao imobilismo. Possuindo o dom da paz, eles deveriam manter-se imperturbáveis, sem se deixar intimidar diante das dificuldades.

Assim pensada, a paz de Jesus consiste numa força divina que não deixa que os discípulos rompam a comunhão com o Mestre. É Jesus mesmo, presente na vida dos discípulos, sustentando-lhes a caminhada, sempre dispostos a seguir adiante com alegria, rumo à casa do Pai, apesar das adversidades que deverão enfrentar.

A paz do mundo é bem outra coisa. A paz do mundo é falsa e enganosa, coexistindo com a perturbação e o medo. A paz do mundo é a ausência de discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a submissão geral à ordem imposta pelo poder.

Encontra-se na fuga e na alienação dos problemas da vida. Leva o discípulo a cruzar os braços, numa confiança ingênua em Deus do qual tudo espera, sem exigir colaboração. Neste sentido ela é uma paz que conduz à morte!

O discípulo sensato rejeita a paz oferecida pelo mundo para acolher aquela que Jesus oferece. Pois eles sabem que só a paz de Jesus desfaz a paz que o mundo e os seus homens podem oferecer.

A paz de Jesus é a paz que é fruto da prática libertadora, fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade dos homens e mulheres. É a paz do reencontrar a vida na união de vontade com o Pai.

Jesus Príncipe da Paz dá-me a constância na fé e na esperança para que jamais duvide das vossas promessas.

Deixo-vos a minha Paz. Sim Senhor Jesus eu dá-me a graça e a força para que no meu dia a dia eu a começar por hoje e agora eu tome posse da vossa Paz. Paz que me tranqüiliza a alma e me faça em tudo mais do que vencedor porque Tu estás comigo e em mim.

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